Tucanos pró-Temer defendem saída de Tasso da presidência do PSDB
Mesmo pressionado, o interino deve continuar no cargo. Seus apoiadores avaliam, por ora, que sua saída implicaria aproximação com o governo
atualizado
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Deputados federais do PSDB se reuniram nesta segunda-feira (21/8) para deliberar sobre o “comportamento” do presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE). “Aconselhados” pelo governador de Goiás, Marconi Perillo, e acompanhados dos ministros Bruno Araújo (Cidades) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), os parlamentares favoráveis ao governo do presidente Michel Temer (PMDB-SP) decidiram pedir a “correção” ou a “substituição” do senador do comando da legenda.
A deliberação será levada aos líderes partidários ainda nesta semana, o que deve aprofundar o racha interno no partido. Na avaliação dos deputados, Jereissati tem tornado público um posicionamento diferente do decidido pela maioria do partido nas reuniões internas.
O parlamentar falou publicamente pelo pelo grupo após a reunião. “Acredito que haverá bom senso ou para seguir no caminho que estamos ou num processo de diálogo que permita substituição sem que haja vencidos ou vencedores”, afirmou.
O encontro ocorreu na casa do deputado federal Giuseppe Vecci (GO), um dos vice-presidentes da legenda, cotado para substituir Tasso Jereissati. A reportagem contabilizou 14 deputados federais na reunião, além do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (RS). Marinho disse, entretanto, que ao menos 18 deputados da bancada, formada por 46 parlamentares, estiveram na residência de Vecci.
Renúncia
Marinho salientou que o grupo espera um “gesto” de Jereissati de renunciar ao cargo ou do presidente licenciado do partido, senador Aécio Neves (MG), de sugerir um novo nome para levar a sigla à frente.
“Via de regra, o que é decidido internamente não é explicitado pelo porta-voz máximo do partido. Em última instância, quem terá a prerrogativa de fazer um gesto de substituição é o presidente interino, renunciando, ou o presidente atual (Aécio Neves), entendendo que seja necessária sua substituição”, acrescentou.
Questionado sobre a influência de Perillo na reunião, Marinho disse que a presença do governador tucano foi um “cuidado” dos parlamentares diante da “história” e “experiência” de Perillo. O goiano é considerado um dos candidatos à presidência da legenda nas eleições internas, previstas para dezembro.
“Não é possível que o pensamento público do partido seja o pensamento de quem quer que seja. Ele necessariamente precisa representar a média do pensamento ou da maioria que existe hoje no partido. Então se o Tasso se dispuser a esse elemento, tudo bem. Senão, certamente ele vai ter a sobriedade de encontrar a alternativa”, argumentou o deputado.
Aécio
Aliados do senador Aécio Neves também intensificaram a pressão pela saída do presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati. Já há tucanos que pedem abertamente a destituição do senador cearense. O deputado Marcus Pestana (MG), aliado de Aécio, defendeu a saída do presidente interino e disse que, se o senador permanecer no cargo, o partido sairá mais dividido.
“Infelizmente caminhamos para um impasse. Tasso agiu por seis vezes em curto espaço de tempo contra a posição majoritária. Agora, ou ele se afasta e prevalece a visão da maioria, ou ele fica e o partido saí esfacelado do governo”, afirmou Pestana.
Mesmo pressionado, Jereissati deve continuar no cargo. Entre seus apoiadores, a avaliação, por ora, é de que sua saída implicará aproximação ainda maior com o governo.
Eleições
O senador cearense é chamado no Planalto de “personalista” e muitos veem em seus movimentos uma tentativa de ocupar espaço para emplacar uma candidatura à sucessão de Temer, em 2018.
Cotado para disputar a Presidência, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, se colocou contra o movimento que tenta retirar Tasso do comando nacional da sigla. Em conversas reservadas, o cearense defende a candidatura do paulista ao Planalto. “A questão da direção partidária já foi resolvida, o Aécio já se afastou, o Tasso já assumiu e vai conduzir bem esse trabalho (de transição para as convenções)”, afirmou Alckmin.
No caso de uma eventual saída de Tasso, Aécio teria de reassumir de forma definitiva o cargo ou indicar um dos sete vice-presidentes para o posto.