“Tratamento precoce”: empresa bancou propaganda do Médicos pela Vida
Associação reúne médicos que defendem drogas sem a comprovação de eficácia contra a Covid-19
atualizado
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O diretor-executivo da Vitamedic Indústria Farmacêutica, Jailton Batista, afirmou, nesta quarta-feira (11/8), que a empresa patrocinou propaganda da associação Médicos Pela Vida em defesa do “tratamento precoce”, com medicamentos sem comprovação de eficácia para o tratamento da Covid-19.
“À Vitamedic foi solicitada o apoio da Associação Médico Pela Vida no patrocínio de um documento técnico-médico e ela o fez”, disse Batista à CPI da Covid-19. “Foi a publicação nos jornais do manifesto da associação que a empresa assumiu o custo da veiculação”, acrescentou. O valor pago foi de R$ 717 mil.
A associação reúne médicos que defendem drogas sem a comprovação de eficácia para o novo coronavírus.
O manifesto, publicado em 16 de fevereiro deste ano, defende o uso de medicamentos, entre eles a ivermectina, que a farmacêutica produz, para um tratamento — já descartado — contra a Covid. O diretor, todavia, disse que a empresa não patrocinou estudos de eficácia do fármaco para a doença.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que a empresa não agiu por falta de conhecimento, mas de maneira deliberada, e, portanto, teria cometido crime.
“Esse manifesto é do dia 16 de fevereiro e ele também foi publicado no dia 23 e 24 de fevereiro de 2021, depois do caos que tinha acontecido em Manaus. Eles já sabiam, por experiência na cidade de Manaus, que isso não funcionava. Mesmo assim os médicos assinam o manifesto depois do caos de Manaus, que foi conhecido não foi pelos brasileiros, não, foi pelo mundo”, declarou o parlamentar.
“Esse manifesto é após a morte de mais de 200 pessoas por dia na cidade de Manaus. E nem isso sensibilizou o laboratório em perceber que era um engodo, que era uma mentira, que eram fake news, não. Visou lucro, mancomunado com alguns médicos. Se isso não for crime, não tem mais nenhum crime para a gente investigar aqui nesta CPI. Não foi falta de conhecimento”, acrescentou.
Com base em dados enviados pela empresa à CPI, a venda da droga saltou de 5.707.023 comprimidos em 2019 para 75.272.293 no ano passado, o que corresponde a um aumento de 1.229%. O preço médio da caixa com 500 comprimidos subiu de R$ 73,87 para R$ 240,90, um incremento de 226%.
Ademais, a publicidade relacionada ao fármaco saiu de R$ 0 em 2019 para R$ 12 mil em 2020 e atingiu R$ 39 mil, entre janeiro e maio deste ano. O que representa um aumento de 225% entre 2020 e 2021.