Tragédia de Mariana fica fora da campanha de candidatos de MG
Desastre ambiental completa três anos, mas nenhum postulante ao governo de Minas Gerais propôs alguma ação para a cidade
atualizado
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Após quase três anos da maior tragédia ambiental do Brasil, o desastre em Mariana, no interior de Minas Gerais, passou longe da discussão eleitoral entre os candidatos ao governo de Minas Gerais. O rompimento de uma barragem da mineradora Samarco causou a morte de 19 pessoas e deixou 388 famílias desabrigadas.
O desastre chegou a ser abordado em um dos debates, mas de forma lateral, e nenhum postulante propôs alguma ação específica para a cidade. Dos nove candidatos ao governo, apenas dois passaram por Mariana durante a campanha.
Dirlene Marques (PSOL) esteve no município logo no começo da campanha, no dia 17 de agosto. No entanto, não se reuniu com a comissão dos moradores atingidos pela tragédia.
Já Antonio Anastasia, candidato do PSDB e líder nas pesquisas de intenção de voto, visitou a cidade na quinta-feira (4/10). Em comício, ele defendeu o retorno das operações da Samarco em Mariana. “Nós teremos novamente a Samarco funcionando, teremos empregos e o clima de normalidade de volta à cidade”, disse.
Aversão
A falta de debate sobre o problema enfrentado pela cidade fez com que parte dos atingidos pela tragédia adotem o discurso de “aversão” pela política.
“A política abandonou a gente demais. Ninguém veio pedir voto. Entendemos que eles não querem se sujar de lama”, disse uma das líderes da Comissão dos Atingidos da Barragem de Fundão-Mariana, Luzia Nazaré Motta Queiroz.
O prefeito da cidade, Duarte Júnior, do PSD, também acredita que a tragédia foi um tema negligenciado pelas campanhas. “Estamos falando de meio ambiente, de sustentabilidade. Acreditei que seria debatido, até porque tem também a importância para a economia”, destacou.
Em entrevista à Rádio Inconfidência, na quinta, o governador e candidato à reeleição, Fernando Pimentel (PT), discordou da avaliação sobre a tragédia não ter sido tratada de “maneira adequada” na campanha.
Segundo ele, o acordo para o pagamento de indenizações às famílias já estava adiantado, mas foi contestado pelo Ministério Público. “Podia estar muito mais avançado se a gente tivesse mantido o acordo e evitado a briga”, disse.
Pimentel também defendeu o retorno à atividade da Samarco, “com sustentabilidade e com condições de segurança”.