Trabalho do Congresso é reprovado por 44%, mostra Datafolha
Só 13% consideram atuação dos parlamentares ótima ou boa. Houve piora em relação à última pesquisa, de julho, quando reprovação era de 38%
atualizado
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Para 44% dos brasileiros consultados pelo Datafolha em setembro de 2021, o trabalho de deputados federais e senadores é ruim ou péssimo. A avaliação negativa do Legislativo se aprofundou na comparação ao levantamento anterior, de julho, quando 38% desaprovavam a atuação dos congressistas.
A reprovação é equivalente aos 45% que achavam o trabalho parlamentar ruim ou péssimo em dezembro de 2019, numericamente a pior marca da atual legislatura.
Naquela rodada, 14% achavam o trabalho no Congresso bom ou ótimo, índice que oscilou negativamente para 13%. Consideram o trabalho regular 40%, ante 43% há dois meses. Não souberam opinar 3%.
A pesquisa foi realizada de 13 a 15 de setembro e ouviu 3.667 pessoas com mais de 16 anos em 190 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
A reprovação ao trabalho parlamentar é maior entre aqueles mais instruídos (53% para quem tem curso superior) e mais ricos (57% entre os que ganham mais de 10 salários mínimos).
O trabalho é melhor avaliado por pessoas que aprovam o governo Bolsonaro (22% da amostra total, ante 24% de regular e 53%, de ruim ou péssimo): 23% de ótimo e bom. Depois de ter dito na campanha eleitoral que abandonaria o “toma lá, dá cá”, Bolsonaro se aliou a partidos do Centrão para garantir governabilidade.
Entre os dois últimos levantamentos, de julho a setembro, houve o desenrolar da crise do voto impresso, que opôs Bolsonaro ao Judiciário, mas também ao Congresso. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi rejeitada pelo plenário da Câmara em 10 de agosto.
No mesmo dia, houve um desfile inédito de blindados da Marinha em Brasília, rumo a um exercício militar em Goiás. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assistiu ao desfile, na companhia de ministros de Estado e parlamentares. Opositores do governo viram no ato uma tentativa de intimidação do Congresso.
No início do mês, Bolsonaro subiu o tom nas manifestações do 7 de Setembro, marcadas por falas golpistas e pela defesa de bandeiras antidemocráticas, como fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Impeachment
A mesma pesquisa do Datafolha mostrou que, para 76% dos brasileiros, Bolsonaro deve sofrer impeachment caso não cumpra ordens da Justiça. A abertura de um processo de impedimento do presidente da República é ato privativo do presidente da Câmara.
Há dezenas de pedidos na mesa de Arthur Lira (PP-AL), mas ele não deu seguimento ou arquivou nenhum deles e sinalizou que não o fará.