“Todo jornalista deveria ter João 8:32 na testa”, diz Bolsonaro
Presidente tem evitado a imprensa desde que fez insinuação sexual sobre o trabalho da jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de SP
atualizado
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O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), disse que todo jornalista deveria ter carimbado na testa o versículo bíblico que foi o seu bordão de campanha. O mandatário do país também classificou a imprensa como “partido de extrema esquerda”. As declarações foram dadas em cerimônia no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (20/02/2020).
Bolsonaro não dá entrevistas desde que fez insinuação sexual contra a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de São Paulo. Na terça-feira (18/02/2020), o chefe do Executivo disse que a repórter “queria um furo”. “Ela queria dar o furo [risos dele e dos demais]”, disse o presidente, em entrevista diante de um grupo de simpatizantes em frente ao Palácio da Alvorada.
Na saída de reunião ministerial, cerca de quatro horas depois de proferir a frase e diante da reação de parlamentares, bem como de associações de jornalistas e dos presidentes das duas casas do Legislativo, Bolsonaro reagiu: “Eu agredi sexualmente a repórter?”.
No pronunciamento desta quinta, após criticar a imprensa, o presidente deu uma sugestão aos jornalistas. “Sigam o exemplo do governo, adotem o lema João 8:32. Afinal de contas, né, isso deveria ter um carimbo na testa de cada jornalista: ‘a verdade acima de tudo’. E deixar de se comportar como um partido político de extrema esquerda”, disse.
“A verdade vos libertará”
O versículo bíblico citado por Bolsonaro foi amplamente utilizado pelo presidente e por candidatos de sua base eleitoral nas eleições de 2018. O trecho “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” chegou a ser tatuado no braço do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Em entrevista ao Canal Livre, da Band, Onyx disse que gravou a inscrição no corpo para lembrar do “dia que errou”. “Isso é para mim, não é para sair por aí mostrando”, pontuou.
Onyx contou que a tatuagem foi feita em 2016, quando foram divulgadas as notícias de que ele havia recebido R$ 100 mil, por meio de caixa 2, na campanha para deputado em 2014.