Testemunha de Dilma ganha cargo – e aumento – na gestão Bolsonaro
Diretora de Orçamento e Finanças da Ebserh, órgão ligado ao MEC, Iara Pinheiro entrou na pasta no governo Lula. Hoje, recebe R$ 46,6 mil
atualizado
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Crítico assíduo das gestões petistas – sobretudo na sua área, a Educação – o ministro Abraham Weintraub vem alojando ex-testemunhas de defesa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em cargos estratégicos nas abas da pasta que comanda.
O Metrópoles revelou, em setembro do ano passado, que Wagner Vilas Boas, testemunha de defesa da ex-presidente no processo de impeachment, havia ganhado cargo de direção dentro do Ministério da Educação. Sua esposa, por outro lado, estava lotada na Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), com aumento substancial no salário.
A Ebserh tornou-se, também, destino de outra defensora do Partido dos Trabalhadores. Trata-se de Iara Ferreira Pinheiro, servidora concursada que conseguiu, debaixo das barbas de Weintraub, aumentar seus vencimentos para R$ 46.623,30 mensais como diretora de Orçamento e Finanças da empresa. Em 2019, o orçamento total da Ebserh foi de R$ 4,4 bilhões, segundo dados do Portal da Transparência.
Iara Pinheiro foi coadjuvante durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). A servidora testemunhou em defesa da ex-presidente da República em 2016, no Senado. Agora, integra o quadro da gestão Bolsonaro.
Em março de 2019, Iara foi nomeada para o cargo na Ebserh, empresa vinculada ao MEC. Nos governos petistas, foi coordenadora de Contabilidade, coordenadora-geral de Finanças e subsecretária de Planejamento e Orçamento da Subsecretaria de Planejamento e Orçamento do ministério comandado por Weintraub. A servidora entrou na pasta em 2005, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na época, o órgão era chefiado pelo ex-governador gaúcho Tarso Genro.
Procurada, a Ebserh disse que a servidora não tem ligação política com outras gestões. “Iara Pinheiro não tem ligação com governos anteriores”, disseram.
Impeachment
No decorrer do processo que a destituiu do cargo, Dilma enfrentou no Senado ação na qual foi denunciada por crimes de responsabilidade fiscal. Isso porque a ex-titular do Planalto editou três decretos de crédito suplementar – que totalizavam R$ 1,6 bilhão – sem a autorização do Congresso Nacional.
Iara, que era secretaria de Planejamento e Orçamento do MEC, prestou depoimento no dia 16 de julho de 2016.
Em vídeo, é possível ver o momento em que Iara explica como funciona o processo de elaboração de decretos na pasta. A servidora não falou sobre a compatibilidade desses atos normativos com a meta fiscal do governo, uma vez que a atribuição de verificar esse aspecto seria da Secretaria de Orçamento Federal, do então Ministério do Planejamento.
Procurada pelo Metrópoles, a assessoria da Ebserh confirmou que Iara Pinheiro integra o quadro de funcionários e alegou que a servidora foi “escolhida mediante critérios técnicos”.
“A diretora de Orçamento e Finanças da Ebserh, Iara Pinheiro, não tem ligação com governos anteriores. Ela é servidora pública, contadora concursada e passou por toda a análise curricular exigida para a ocupação do cargo”, diz a nota.