“Ter um interino no comando da Saúde não é o melhor dos mundos”, diz Mourão
Atualmente, Ministério da Saúde é comandado pelo general Eduardo Pazuello. Ele já é o interino mais longevo da história da pasta
atualizado
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O vice-presidente da república, Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira (13/7) que “não é o melhor dos mundos” o Brasil ter um ministro interino no comando do Ministério da Saúde.
Atualmente, a pasta é chefiada pelo general do Exército Eduardo Pazuello, à frente do ministério desde maio. Ele já é o interino mais longevo da história do Ministério da Saúde.
Durante videoconferência realizada pelo Banco Plural, Mourão disse, no entanto, que Pazuello chegou para “solucionar” alguns problemas da pasta, e que a parte técnica “continua nas mãos de profissionais da saúde”.
“Eu concordo que termos um ministro interino não é o melhor dos mundos no momento que estamos enfrentando uma doença como essa. O ministro Pazuello chegou para solucionar […] o problema das aquisições e da distribuição e logística de insumos e profissionais de saúde”, disse. “Mas a parte técnica, específica, ela continua nas mãos de profissionais de saúde, que obviamente não eram aqueles que estavam com o [ex] ministro [Luiz Henrique] Mandetta.”
“Exército se associou a um genocídio”
Ainda na videoconferência, o vice-presidente comentou a fala do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, no sábado (11/7), disse que o Exército se associou a um “genocídio” durante a pandemia do novo coronavírus, ao se referir à atuação de militares no Ministério da Saúde.
“Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Não é aceitável que se tenha esse vazio. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa. Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso”, declarou Gilmar na ocasião.
Para Mourão, Gilmar Mendes “ultrapassou o limite da crítica” ao fazer a declaração.
“O ministro Gilmar Mendes não foi feliz. Eu vou usar uma linguagem do jogo de polo: ele cruzou a linha da bola. Querer comparar com genocídio o fato das mortes ocorridas aqui no Brasil na pandemia. […] Atribuir essa culpa ao Exército porque tem um oficial general do Exército como ministro interino da Saúde”, declarou o vice-presidente ao se referir ao general Eduardo Pazuello, chefe interino do Ministério da Saúde desde maio.
“Ele forçou uma barra aí, que agora tá criando um incidente com o Ministério da Defesa. […] Eu acho que a crítica vai ocorrer, tem que ocorrer, ela é válida, mas o ministro ultrapassou o limite da crítica nisso aí”, acrescentou.
Nesta segunda, em resposta à fala do ministro do STF, o Ministério da Defesa informou que encaminhará representação ao procurador-geral da República, Augusto Aras, para adoção de “medidas cabíveis”.
Em nota, o ministro da pasta, Fernando Azevedo e Silva, junto aos comandantes das Forças Armadas: Edson Leal Pujol (Exército), almirante Ilques Barbosa Junior (Marinha) e brigadeiro Antonio Carlos Bermudez (Aeronáutica) repudiraram “veementemente” a declaração do ministro do STF.
“Comentários dessa natureza, completamente afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, além de infundada, irresponsável e sobretudo leviana. O ataque gratuito a instituições de Estado não fortalece a democracia”, diz trecho da nota.