“Temos que conhecer a verdade: não houve ditadura”, diz Bolsonaro
Para o presidente, a história foi distorcida pela esquerda ao criar a Comissão da Verdade, “criada para desmoralizar as Forças Armadas”
atualizado
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A quatro dias da data que marca os 55 anos do início da ditadura militar no Brasil, 31 de março, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) negou, em entrevista ao programa Brasil Urgente, de José Luiz Datena, na TV Band, nesta quarta-feira (27/3), que o período tenha existido.
Para ele, a história foi “distorcida pela esquerda brasileira” e acabou reforçada com a criação da Comissão Nacional da Verdade, que, segundo ele, teve o objetivo de “desmoralizar as Forças Armadas” no Brasil.
“Temos de conhecer a verdade. Regime nenhum é uma maravilha. E onde você viu uma ditadura entregar o governo de forma pacífica? Então não houve ditadura”.
O presidente ainda disse que os militares tiveram apenas “alguns probleminhas” enquanto governaram o país durante 21 anos, mas que o regime serviu como obstáculo para que o Brasil não seguisse para o socialismo. Segundo dados da Comissão da Verdade, mais de 400 pessoas foram mortas ou permanecem desaparecidas até hoje.
“Os dados históricos estão distorcidos. O Congresso, hoje em dia, está apagando os fatos”, disse o presidente, durante entrevista ao programa do jornalista José Luiz Datena. Segundo Bolsonaro, naquela época, o Parlamento atuava como uma “fábrica de salsichas”, razão pela qual acabou fechado pelos militares.
“O que é, por exemplo, uma fábrica de salsicha fechada? Não produz salsicha”, disse Bolsonaro, interrompido por Datena, que resgatou a frase atribuída ao ex-primeiro ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill: “Se as pessoas soubessem como são feitas as salsichas e a política, ninguém comeria salsichas ou entraria para a política”.
“Quando eu falo em fábrica de salsicha fechada, não quero dizer salsicha. O Congresso foi fechado por 10 meses porque não produzia leis. Não eram leis, eram decretos-lei. Do Sarney para cá, e tivemos a Constituição de 1988, o Congresso foi fechado por aproximadamente 10 anos, por medidas provisórias”, comparou Bolsonaro.
A Comissão Nacional da Verdade foi criada no governo Dilma Rousseff (PT), com o objetivo de investigar as “graves violações de direitos humanos cometidas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988”.
Perguntado sobre os desentendimentos com o presidente da Câmara, Rodrigo maia (DEM-RJ), em torno da tramitação da reforma da Previdência, Bolsonaro ressaltou que o deputado pode ter levado a questão para o pessoal por causa da prisão do sogro, Moreira Franco. “Ele [Maia] está um pouco abalado com questões pessoais que vêm acontecendo na vida dele, coisas pessoais que passa pelo estado emocional dele no momento”, disse.
Bateria de exames
O presidente foi, na tarde desta quarta, a São Paulo para nova bateria de exames após a cirurgia para retirada da bolsa de colostomia, há quase dois meses. Ele cancelou uma visita à Universidade Mackenzie, marcada para acompanhar a pesquisa realizada pela instituição sobre o grafeno, por conta de protestos realizados por estudantes daquele centro de ensino.
Os manifestantes se reuniram no campus desde as 10h, quando Bolsonaro ainda estava em Brasília. Durante os protestos, os alunos carregavam cartazes chamando o presidente de fascista e dirigiram gritos de ordem com insultos ao chefe do Executivo.
A entrevista de Bolsonaro a Datena só foi avisada aos jornalistas às 17h, quando o presidente já estava há pelo menos 20 minutos no ar. Não houve informações sobre a ida do presidente à Band, sob a justificativa de que era uma “agenda privada” do chefe do Executivo