Temer recebe presidentes da Câmara e do Senado no Jaburu
Encontro ocorre um dia antes de o deputado Sérgio Zveiter apresentar relatório sobre denúncia contra Temer à CCJ
atualizado
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Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), se reuniram neste domingo (9/7) com Michel Temer (PMDB) no Palácio do Jaburu. O encontro ocorreu na véspera da apresentação do relatório do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o chefe do Executivo nacional.
Maia ficou no palácio por pouco mais de uma hora. Próximo na linha sucessória da presidência da República, o democrata, nos últimos dias, declarou lealdade a Temer enquanto via crescer a defesa de seu nome por aliados do PSDB e do seu partido como alternativa viável para estancar a crise política. “Eu aprendi em casa a ser leal, a ser correto e serei com o presidente Michel Temer sempre”, disse na sexta (7).
Zveiter já concluiu o relatório. O conteúdo, entretanto, está mantido em segredo a sete chaves. Embora seja do mesmo partido de Temer, o deputado se declara independente e disse que não sofreu pressões para elaborar o seu parecer. Temer foi denunciado pelo crime de corrupção passiva. O relator pode recomendar a admissibilidade ou a rejeição da denúncia.
Após decisão na CCJ, o parecer segue para apreciação no plenário da Casa, ainda sem data definida. No Senado, a votação do projeto de lei da reforma trabalhista está marcada para a próxima terça-feira (11).
A denúncia
Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ex-deputado Rodrigo Loures representou os interesses do presidente em todas as ocasiões em que esteve com representantes do Grupo J&F. Através dele, Temer teria operacionalizado o recebimento de vantagens indevidas em troca de favores com a coisa pública. “Note-se que, em vários momentos dos diálogos travados com Rodrigo Loures, este deixa claro sua relação com Michel Temer, a quem submete as demandas que lhe são feitas por Joesley Batista e Ricardo Saud, não havendo ressaibo de dúvida da autoria de Temer no crime de corrupção”, afirmou Janot.
Outra conclusão de Janot é que “revela-se hialina cristalina a atuação conjunta dos investigados Rodrigo Rocha Loures e Michel Temer”. “Conforme se depreende do contexto fático-probatório, os diversos episódios narrados alhures apontam para o desdobramento criminoso que se iniciou no encontro entre Michel Temer e Joesley Batista no Palácio do Jaburu no dia 7 de março de 2017 e culminou na entrega de R$ 500 mil efetuada por Ricardo Saud a Rodrigo Loures em 28 de abril de 2017”, destacou na denúncia.
O procurador ressaltou que o encontro no Jaburu foi agendado por Loures e que o fato de ser no fim da noite era para “não deixar vestígios dos atos criminosos lá praticados”. “As circunstâncias deste encontro, em horário noturno e sem qualquer registro na agenda oficial do presidente da República, revelam o propósito de não deixar vestígios dos atos criminosos lá praticados.”
Janot destrinchou vários pontos de ligação entre Temer e Loures de acordo com documentos e com conversas obtidas nas investigações. Lembra que Loures foi chefe de gabinete de Temer na vice-presidência da República em 2011; que Temer gravou em 2014 um vídeo para campanha de Loures à Câmara dos Deputados; que em janeiro de 2015 Loures tornou-se chefe da assessoria parlamentar de Temer na vice-presidência, e em abril do mesmo ano foi nomeado como chefe de gabinete da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. “Todos esses fatos ilustram proximidade e relação de confiança entre os dois denunciados”, disse. (Com informações das agências Brasil e Estado)