Temer prepara agenda de viagens para “vender” o país
Também faz parte da estratégia tentar convencer as agências internacionais de classificação de risco de que, passado o impeachment, a estabilidade política no país retornará
atualizado
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Apesar de oficialmente ainda aguardar o fim do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff para “se apresentar” ao mundo, o presidente em exercício Michel Temer já trabalha com um calendário de viagens internacionais para tentar recuperar a imagem do País e atrair investimentos.
Também faz parte da estratégia tentar convencer as agências internacionais de classificação de risco de que, passado o impeachment, a estabilidade política no país retornará, na tentativa de recuperar notas perdidas na avaliação das agências de classificação de risco.
Ministros
Temer deve fazer as viagens acompanhado de vários ministros, entre eles, o da Fazenda, Henrique Meirelles, a quem caberá a missão de convencer o mercado internacional e os investidores de que o País está comprometido com a agenda econômica de ajustes e reformas.
Interlocutores de Temer reconhecem que a investida é fundamental para que o governo efetivo possa contar com o apoio da classe empresarial, pois admitem que, se a economia não der sinais efetivos de melhora, a “trégua” dada até agora ao governo tende a acabar rapidamente.
Na semana passada, em evento no Rio de Janeiro, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, comparou o roteiro internacional de Temer ao trabalho de um caixeiro-viajante. “Temer vai levar uma mala de mascate para a China para mostrar que o Brasil é um mar de oportunidades.” O ministro destacou mudanças que começam a ser aprovadas no Congresso, como a lei das agências reguladoras, para defender a tese de que o País se tornará atrativo aos investidores estrangeiros. “Necessitamos das parcerias para gerar empregos. Apostamos muito na viagem à China, aos EUA e à Índia, grandes mercados potenciais para o Brasil.”
China
Antes do encontro do G-20, na China, Temer pretende participar de um seminário organizado pelo governo brasileiro. A data do encontro, que reunirá empresários e investidores, deve ser dia 2 ou 3 de setembro, a depender do fim do impeachment e do embarque de Temer à Ásia. A ideia, com base no atual calendário do impeachment, é que ele viaje dia 31 de agosto. Além dos compromissos oficiais, o governo pretende marcar encontros bilaterais.
Renan
Temer convidou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para participar da comitiva do governo brasileiro que participará da reunião do G-20. Renan ainda não informou a Temer se aceitará.
Caso aceite o convite, o presidente do Senado integrará a comitiva logo após dar posse a Temer, já que, caso o impeachment seja mesmo aprovado, há a previsão de uma sessão solene no Congresso. O modelo da cerimônia ainda está sendo estudado e cabe a Renan a definição.
Aproximação
O cortejo de Temer a Renan é mais um gesto da aproximação entre os dois. Na quinta-feira (18), o presidente do Senado acompanhou o presidente em exercício numa visita ao Rio. Isso levou Renan a adiar um encontro com Dilma para sexta-feira pela manhã. Na tarde do mesmo dia, Renan se encontrou novamente com Temer em São Paulo, na reunião com líderes a fim de discutir a votação de propostas do ajuste fiscal no Congresso.
Na semana passada, Renan ainda impediu que Temer sofresse a primeira derrota do governo interino no Senado, ao adiar a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que recria a Desvinculação das Receitas da União (DRU), que deve voltar à pauta nesta terça-feira, 23. Se fosse a voto, o governo seria derrotado por não ter mobilizado os senadores da base.