Temer é recebido com protestos em Roraima, onde discute imigração
Durante a reunião, que ocorre a portas fechadas, um protesto reúne cerca de 300 pessoas contra a falta de políticas do governo para o estado
atualizado
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Sem passar pelas ruas e praças de Boa Vista, onde vivem cerca de 40 mil venezuelanos em extrema pobreza – que já equivalem a 10% da população do estado –, o presidente Michel Temer discute nesta segunda-feira (12/2) na capital de Roraima a questão dos refugiados do país vizinho que chegaram ao estado fugindo da crise econômica e política na Venezuela.
Durante a reunião, que ocorre a portas fechadas, um protesto reúne cerca de 300 pessoas contra a privatização da Eletrobras e a falta de políticas do governo federal para Roraima, que sofre com apagões constantes por não estar ligado ao Sistema Energético Nacional, e contra a imigração desordenada de venezuelanos.
“Os venezuelanos vão criar problemas para outros estados brasileiros se não tomarmos providências. Este é o aspecto principal. Precisamos preservar as fronteiras e os empregos dos brasileiros, mas não podemos deixar de receber os refugiados que vem para cá em situação de miserabilidade absoluta“.
O presidente garantiu que vai liberar os recursos necessários para organizar e conter o avanço da migração. “Essa força tarefa vai atuar de forma imediata. Os ministros de governo estão avisados. Vamos liberar o dinheiro necessário para resolver o problema”.
Antes do encontro, a governadora do estado Suely Campos pediu em discurso que o governo federal tome medidas a favor de Roraima no contexto da crise dos refugiados. Segundo ela, o crime organizado está se aproveitando da vulnerabilidade dos venezuelanos para trazer drogas e armas ao estado. “Existe a conexão com o crime organizado comandado por venezuelanos, entrando na esfera da segurança nacional”, afirmou.
Suely entregou um documento com 11 medidas que pretendem minimizar o impacto causado pelo alto número de imigrantes venezuelanos que chegaram a Roraima nos últimos meses.
Entre as propostas estão o aumento de efetivo da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), além da atuação do Exército brasileiro no policiamento ostensivo em Pacaraima, cidade que faz fronteira com a Venezuela.
Além disso, foram propostas ações mais rigorosas de controle de entrada de pessoas pela fronteira e a doação de veículos e equipamentos para aprimorar o trabalho das forças de segurança de Roraima.
O Brasil é o segundo principal destino da diáspora venezuelana, provocada pelo agravamento da escassez de remédio e alimentos no país, afetado por uma hiperinflação que neste ano deve chegar a 13.000%.
Travas
A Colômbia, que comparte com a Venezuela uma fronteira de 2.200 quilômetros, já recebeu 500 mil venezuelanos desde o agravamento da crise, a partir de 2014.
Autoridades colombianas, que esperam que esse número dobre ainda esse ano, anunciaram nesta semana novas regras para a entrada de venezuelanos no país. Segundo o presidente Juan Manuel Santos, 2,1 mil militares serão enviados para patrulhar a fronteira e combater a imigração ilegal e o contrabando.
Além disso, o governo colombiano não expedirá novos cartões de imigração para venezuelanos. O documento foi criado para facilitar o trânsito de pessoas que vivem na fronteira e muitos venezuelanos contam com ele para vender bens em moeda forte do lado colombiano para fugir da inflação.