Temer diz que não pretende acabar com Bolsa Família, mas reajustá-lo
Em discurso, presidente admitiu que a pobreza extrema é um dos maiores desafios enfrentados pelo país
atualizado
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O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira (14/3) que não pretende acabar com o Bolsa Família e, ainda segundo ele, o programa deve receber aumento em breve. Temer fez a declaração durante sua participação na abertura do Fórum Econômico Mundial para a América Latina, o qual ocorre em São Paulo até amanhã.
Em seu discurso de apresentação, Temer admitiu que a pobreza extrema é um dos desafios do Brasil e, conforme explicou, o objetivo de seu governo é evitar que programas assistencialistas ainda estejam na pauta do país nos próximos anos. Para isso, ele defende uma “evolução” do Bolsa Família até sua possível eliminação a longo prazo.“Eu não estou pregando isso [a eliminação do Bolsa Família], estou pregando a manutenção, que, aliás, ganhou um aumento no início do meu governo e deverá muito proximamente ganhar um novo aumento. Então, estamos pregando que haja uma evolução no tópico da responsabilidade social”, esclareceu o presidente da República.
“Nós precisamos progredir e, por isso, lançamos muito recentemente um programa chamado Progredir, que é para dar emprego aos filhos daqueles desfrutantes do Bolsa Família. Porque, ao longo do tempo, esse pessoal vai se incluindo na sociedade e – ao longo do tempo, digo eu –, quem sabe, possamos eliminar essa questão do Bolsa Família”, disse Temer.
O presidente enfatizou que o programa faz parte de um dos eixos prioritários de sua gestão, a responsabilidade social, e o valor concedido às famílias beneficiárias sofrerá reajuste, sem dar detalhes sobre o aumento.
Em sua fala, Michel Temer também resumiu as principais iniciativas de sua gestão na área de responsabilidade fiscal, como a reforma trabalhista e a limitação dos gastos públicos, entre outras medidas que contribuíram para o fim da recessão econômica. O presidente também destacou o diálogo como uma das expressões que pautam o governo atual.
Estados Unidos
Depois de discursar, Temer respondeu a algumas perguntas do presidente do Fórum, o professor Klaus Schwab. Questionado sobre como o Brasil pretende lidar com tendências protecionistas no mundo, o presidente respondeu que essa questão preocupa muito o país, o qual pode recorrer contra os Estados Unidos pela decisão de aumentar os impostos de importação do aço e do alumínio.
A taxação afeta diretamente as exportações brasileiras que têm os EUA como um dos principais parceiros comerciais. Temer comentou ser necessário cuidado para tratar das relações com o país norte-americano e que deve telefonar para o presidente Donald Trump a fim de discutir o assunto.
“Nesta questão do aço, realmente há uma grande preocupação, porque, pelos tratados internacionais, a taxação do aço poderia variar de 0% a 4,5%, e houve uma taxação de 25% no caso do aço e 10% no caso do alumínio. É claro que temos que tratar com muito cuidado essa matéria”, disse Temer.
Ao lado do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, o presidente não descartou a possibilidade de entrar com uma representação contra os Estados Unidos junto à Organização Mundial do Comércio (OMC). Contudo, segundo Michel Temer afirmou, antes dessa medida, o Brasil vai incentivar o contato de empresas brasileiras que fornecem aço para as empresas norte-americanas, de forma a trabalharem conjuntamente com o Congresso americano, “para tentar mudar essa fórmula”.
“Se não houver uma solução, digamos assim, amigável, muito rápida, vamos formular uma representação à Organização Mundial do Comércio, mas não unilateralmente – não apenas o Brasil, mas com todos os países que tiveram prejuízo em função dessa medida tomada. Naturalmente, essa conjugação coletiva dos países dará mais força a essa representação”, afirmou.
Temer também foi questionado sobre a reforma da Previdência. O presidente reafirmou que pode tentar retomar a tramitação da emenda constitucional de alteração das regras de acesso à aposentadoria, no Congresso Nacional, ainda no segundo semestre deste ano, talvez em setembro ou outubro, quando pretende acabar com a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro.