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Temer acertou ao justificar alta do desemprego no país? Confira

Nesta terça (15/5), o presidente apresenta à imprensa o balanço de realização dos dois anos de seu mandato

atualizado

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1 de 1 temer - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Nesta terça-feira (15/5), o presidente Michel Temer (MDB) realiza uma cerimônia para fazer um balanço dos dois anos de sua gestão no comando do país. Em seus discursos, o chefe do Executivo costuma recorrer a números da economia a fim de defender a tese de que a situação dos brasileiros melhorou.

Na última sexta-feira (4), em palestra na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo, o titular do Planalto mencionou que a alta na taxa de desemprego neste ano está relacionada ao fato de mais pessoas estarem buscando emprego. Mas, será?

Lupa checou essa e outras afirmações que Temer fez também em entrevistas à CBN, ao programa Poder em Foco, do SBT e em um evento do MDB. Veja abaixo o resultado:

“Sabe por que [o desemprego] aumentou? (…) Quando a economia melhora, as  pessoas que estavam desalentadas (…) começam a buscar emprego”

Michel Temer, presidente da República, em entrevista à Rádio CBN, no dia 7 de maio de 2018 

Pela metodologia do IBGE, uma pessoa só é considerada desocupada quando está ativamente em busca de emprego. Se ela deixa de procurar ocupação, deixa de ser considerada parte da força de trabalho – e se torna “desalentada”. Então, é possível que o número de desempregados aumente porque mais pessoas passaram a procurar uma vaga no mercado.

Mas não é isso que acontece hoje no Brasil. Se houvesse um fluxo de desalentados buscando emprego, logicamente a força de trabalho cresceria. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (Pnadc/M), esse número oscilou negativamente entre o último trimestre do ano passado e o primeiro desse ano: de 104,4 milhões para 104,2 milhões.

Como a força de trabalho ficou relativamente estável e o número de desocupados aumentou (de 12,3 milhões para 13,7 milhões), logicamente, o número de pessoas ocupadas no Brasil caiu: de 92,1 milhões para 90,6 milhões.

Procurada, a Presidência da República disse que não comentaria esta checagem.

“Quando assumimos, [o desemprego] estava em 14,5 milhões”

Michel Temer, presidente da República, em palestra na faculdade de Relações Internacionais da ESPM, em São Paulo, no dia 4 de maio de 2018 

Temer assumiu a presidência, ainda de forma interina, no dia 12 de maio de 2016. No trimestre imediatamente anterior, composto por fevereiro, março e abril daquele ano, o número de desempregados era de 11,4 milhões, com base em dados da Pnadc/M. Esse número só ultrapassou a marca dos 14 milhões – citada pelo presidente – no primeiro trimestre de 2017, já na gestão Temer.

Procurada, a Presidência da República disse que não comentaria esta checagem.

“Quando apanhamos o governo, num primeiro momento, o déficit era de R$279 bilhões. No ano seguinte [2017], R$159 bilhões. (…) Ou seja: está diminuindo”
Michel Temer, presidente da República, em palestra na faculdade de Relações Internacionais da ESPM, em São Paulo, no dia 4 de maio de 2018

De fato, o déficit primário no Brasil diminuiu de 2016 para 2017. Os números citados por Temer, porém, estão equivocados. Ao assumir o governo federal em maio de 2016, o déficit acumulado nos 12 meses anteriores era de R$ 139 bilhões (considerando abril, o mês imediatamente anterior). No final de 2016, o déficit atingiu R$ 161,3 bilhões. No ano passado, o governo fechou o ano com um déficit primário de R$ 124,2 bilhões. Os dados são do Tesouro Nacional.

Procurada, a Presidência da República disse que não comentaria esta checagem.

 

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