Temendo “coação”, Senado pede à PF proteção para jovens venezuelanas
Senadores também querem audiência pública para esclarecer as declarações do presidente sobre adolescentes residentes no DF
atualizado
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A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal aprovou, nesta terça-feira (18/10), um requerimento de autoria do líder da oposição, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para solicitar à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal (MPF) proteção às adolescentes venezuelanas citadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em participação em podcast.
Na ocasião, o mandatário do país disse que resolveu visitar a casa de adolescentes imigrantes em 2021, em São Sebastião, no Distrito Federal, após “pintar um clima”. Segundo o presidente, o caso teria ocorrido durante ida à região periférica da capital federal. O titular da República conta que encontrou jovens venezuelanas e afirmou que elas estariam supostamente se prostituindo.
Randolfe argumenta, no requerimento, que há risco de “possível coação de pessoas, agentes públicos ou não, relacionados ao presidente da República, Jair Bolsonaro”.
Além do pedido do líder da oposição, os membros do colegiado também aprovaram a realização de audiência pública destinada a esclarecer as declarações do presidente.
Pedido de desculpas
Conforme antecipado pela coluna do Igor Gadelha, do Metrópoles, após a repercussão negativa do caso, Bolsonaro gravou um vídeo pedindo desculpas por levantar suspeitas de que garotas estariam se prostituindo.
Na gravação, o presidente está ao lado de Michelle e Maria Teresa Belandria, representante no Brasil do autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó.
“Se minhas palavras, que, por má-fé, foram tiradas de contexto, foram, de alguma forma, mal entendidas ou provocaram algum constrangimento a nossas irmãs venezuelanas, peço desculpas. Já que meu compromisso sempre foi o de melhor acolher e atender a todos que fogem de ditaduras pelo mundo”, diz Bolsonaro no vídeo.
O presidente também acusa “militantes de esquerda” de, após sua fala polêmica vir à tona, estarem “pressionando mulheres venezuelanas, a fim de obterem vantagem política neste momento”. “As palavras que eu disse refletiram uma preocupação da minha parte no sentido de evitar qualquer tipo de exploração de mulheres que estavam vulneráveis”, argumenta.
O vídeo foi gravado na segunda-feira (17/10), após Michelle e a ex-ministra Damares Alves se encontrarem com as líderes comunitárias do projeto social que atende às refugiadas venezuelanas nos arredores de Brasília.