“Tem muita espuma nesse chope”, diz Mourão sobre decisão de Fachin
Decisão do ministro do STF permite que o ex-presidente Lula dispute as eleições de 2022, como possível concorrente de Jair Bolsonaro
atualizado
Compartilhar notícia
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), comentou na manhã desta terça-feira (9/3) a decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), de anular todos os processos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no âmbito da força-tarefa em Curitiba. Para o general, o assunto ainda tem de ser “decantado”.
“Ainda tem muita espuma nesse chope, tem de ser decantado. Tem muita gente fazendo análise prospectiva por mera extrapolação de tendência. Não se faz análise prospectiva assim. Então, tem de esperar todas as consequências, decorrências”, opinou Mourão.
Para o vice-presidente, não é possível nem afirmar que Lula ou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vão concorrer nas eleições de 2022. “Então, tem de aguardar isso aí”, pontuou o general.
Perguntado se o governo havia sido pego de surpresa com a decisão monocrática de Fachin, Mourão disse não saber. Mas não deixou de criticar Lula ao assinalar que os homens públicos têm que se pautar pelo exemplo de vida dos brasileiros.
“O povo brasileiro é constituído de maioria de homens e mulheres de bem, igual a vocês, que acordam de manhã cedo para trabalhar o dia inteiro, que se espreme em ônibus e trens apertados. Muitos vendem o almoço para ganhar o jantar. Outros com salários que não são compatíveis com a dignidade da vida dessas pessoas”, apontou Mourão.
“Mas todos, sem exceção, procuram se basear em princípios da ética, da moral, dos bons costumes, respeito à honestidade, integridade e probidade das pessoas”, frisou.
E continuou: “Então, independentemente da chicana política que seja feita – anula processo, anula prova –, a realidade é a seguinte: contra fatos não há argumentos. Então, é isso que a gente vai aguardar que aconteça”.
Lula elegível
Na prática, a decisão do ministro da Suprema Corte permite que Lula seja candidato às eleições de 2022 e, consequentemente, possível concorrente do atual mandatário do país.
Em nota, Fachin informou que a 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba não era o juízo competente para processar e julgar casos envolvendo o petista.
“Inicialmente, retirou-se todos os casos que não se relacionavam com os desvios praticados contra a Petrobras. Em seguida, passou a distribuir por todo o território nacional as investigações que tiveram início com as delações premiadas da Odebrecht, OAS e J&F. Finalmente, mais recentemente, os casos envolvendo a Transpetro (Subsidiária da própria Petrobras) também foram retirados da competência da 13ª Vara Federal de Curitiba”, assinalou o ministro.
Com a decisão, os processos serão analisados pela Justiça Federal do Distrito Federal, que vai dizer se os atos realizados nos três processos podem ou não ser validados e reaproveitados.