Teich: Pazuello foi indicado por Bolsonaro para área técnica da Saúde
Ex-ministro criticou condução do general na chefia da pasta. “Seria mais adequado um conhecimento maior sobre gestão em saúde”, defendeu
atualizado
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O ex-ministro da Saúde Nelson Teich afirmou, nesta quarta-feira (5/5), que a entrada de Eduardo Pazuello no corpo técnico do Ministério da Saúde partiu de indicação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele presta depoimento, na condição de testemunha, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.
Segundo Teich, o fato de Pazuello ter sido nomeado por Bolsonaro “não significa que seria mantido caso não desempenhasse bem” a função.
O ex-ministro disse que Pazuello havia sido designado para cuidar da logística de distribuição de insumos da Saúde. “Embora não tivesse experiência em saúde, eu contava que, sob minha orientação, ele [Pazuello] executasse o que fosse definido na minha estratégia de planejamento”, afirmou.
“Eu parei para pensar, conversei com ele, ouvi da experiência dele e os pontos que ele colocou. Me pareceu que, naquele momento, onde precisava ter uma agilidade na parte de distribuição, me pareceu que ele poderia atuar bem. Ele contribuiu, fez o papel dele”, completou.
Nelson Teich disse que “não tinha autonomia necessária para conduzir a pasta da maneira mais correta”. “Com a experiência que tive na área de gestão em saúde e com a formação que eu tinha na área de oncologia, achei que eu era uma pessoa que tinha o preparo para conduzir o país. É uma honra poder ajudar o seu país no momento tão difícil”, defendeu.
Ele também foi questionado sobre a qualificação de Pazuello para assumir o comando da Saúde. Teich criticou a indicação. “Queria colocar aqui: não falei que ele era altamente qualificado. Isso é uma coisa importante. Na posição de ministro, acho que seria mais adequado um conhecimento maior sobre gestão em saúde”, afirmou.
Nelson Teich é a segunda autoridade a ser ouvida pelos senadores no âmbito investigativo da comissão parlamentar. Ele teve uma rápida passagem no Ministério da Saúde, ficando apenas 29 dias frente ao comando da pasta.
O primeiro a ser ouvido foi Luiz Henrique Mandetta, que sinalizou discordâncias com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre quais medidas deveriam ser adotadas para conter o crescimento de casos do novo coronavírus logo no início da pandemia no país.
A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.