Teich, o breve, colecionou derrotas em 28 dias como ministro da Saúde
Na posse, o ministro garantiu que estava “completamente alinhado” com Bolsonaro, mas, ao longo dos dias, a relação foi se perdendo
atualizado
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Em uma passagem rápida pela Esplanada dos Ministérios, o agora ex-ministro Nelson Teich, da Saúde, pediu demissão nesta sexta-feira (15/05), após curtos 28 dias no cargo. Ele assumiu o lugar do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que teve desavenças com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), envolvendo a reação à pandemia de coronavírus.
Com a postura mais tímida e reservada, Teich não costumava dar entrevistas à imprensa. As coletivas de imprensa, onde números relacionados ao vírus no país tornaram-se mais raras.
Dessa vez, o desentendimento envolveu os protocolos de liberação da prescrição da cloroquina, medicamento que Bolsonaro defende para ser usado no tratamento contra a Covid-19. Segundo Teich, por não ter comprovação atestada, é necessário cuidado antes de indicar o remédio. Essa é a mesma postura do Conselho Federal de Medicina (CFM), que permite, mas não recomenda o uso.
O ministro colecionou derrotas durante o breve tempo em que chefiou o Ministério da Saúde. Apesar de dizer, durante a posse, que estava “completamente alinhado” com Bolsonaro, essa afirmação foi sendo desconstruída ao longo dos dias.
A primeira desavença aconteceu durante uma coletiva de imprensa, quando o ministro soube, por meio da pergunta de um repórter, que o presidente havia mandado incluir salões de beleza, academias e barbearias como serviços essenciais.
Surpreso, Teich precisou confirmar a informação com a assessoria para depois reconhecer que não fora consultado e emendar que esse tipo de decisão não era de competência do Ministério da Saúde. Segundo ele, à pasta cabe apenas sugerir um protocolo de segurança sanitária para que os serviços sejam retomados.
Bolsonaro, por sua vez, minimizou o fato de não ter perguntado a opinião do titular da Saúde, dizendo que a competência é da Presidência, por se tratar de um decreto, e que não há como pedir a opinião dos ministros sobre tudo.
A segunda, foi em relação à cloroquina. Bolsonaro, mesmo com as pesquisas não trazendo resultados muito animadores quanto ao uso, queria ela disseminada nos hospitais públicos do país para tratar a moléstia. Teich tinha outra postura. E começou a ser bombardeado nas redes de apoio a Bolsonaro.
Já a terceira, foi quando Teich avisou que o lockdown poderia ser recomendado pelo ministério, e que se o isolamento for a melhor opção para lidar com a pandemia, o procedimento seria indicado. A posição é contraria à do presidente Bolsonaro, que voltou a defender o chamado isolamento “vertical”, no qual apenas idosos e demais pessoas do grupo de risco ficam isoladas. Veja fotos da breve passagem de Teich pela pasta: