Teich diz que CFM teve “postura inadequada” por indicar cloroquina
Ex-ministro da Saúde afirmou que o Conselho errou ao estimular o uso de um remédio sem comprovação de eficácia
atualizado
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O ex-ministro da Saúde Nelson Teich criticou, nesta quarta-feira (5/5), a posição do Conselho Federal de Medicina (CFM) que deu aval à prescrição da cloroquina contra a Covid-19, embora o medicamento já tenha a ineficácia comprovada contra a doença.
“Postura inadequada. Porque pode estimular o uso de um remédio que não temos comprovação [de eficária], em condições que o paciente pode estar mais exposto a não ter os cuidados necessários para o uso do medicamento. A minha posição é contrária”, declarou Teich à CPI da Covid-19.
O presidente do Conselho, Mauro Luiz Britto Ribeiro, publicou nota em meados de janeiro deste ano na qual afirma existir uma politização em torno do tratamento precoce e que não haverá mudança no parecer do conselho, que dá autonomia médica sobre esse tratamento.
O parecer em questão foi publicado em meados do ano passado, após o CFM deliberar que é decisão do médico assistente realizar o tratamento que julgar adequado, desde que tenha concordância do paciente infectado. O parecer observa que o médico deverá comunicar ao paciente que não existe benefício comprovado no tratamento farmacológico da Covid-19 e obter o consentimento livre e esclarecido.
O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que convocaria o Ribeiro para depor à CPI da Covid-19.
Sessão
Nelson Teich é a segunda autoridade a ser ouvida pelos senadores no âmbito investigativo da comissão parlamentar. Ele teve uma rápida passagem no Ministério da Saúde, ficando apenas 29 dias frente ao comando da pasta.
O primeiro a ser ouvido foi Luiz Henrique Mandetta, que sinalizou discordâncias com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre quais medidas deveriam ser adotadas para conter o crescimento de casos do novo coronavírus logo no início da pandemia no país.
A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.