Técnicos da CPI dizem que Copa América é “mau exemplo” do Brasil
Documento foi enviado à Comissão Técnica da Seleção Brasileira e alerta para a realização do evento em meio à terceira onda de Covid-19
atualizado
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A equipe técnica da CPI da Covid-19 no Senado federal encaminhou o que chamou de “reflexão” à Comissão Técnica da Seleção Brasileira. O documento diz que a realização da Copa América é um “mau exemplo” do Brasil e que é inadmissível a continuidade do evento em meio a uma possível terceira onda da pandemia de coronavírus.
“Nosso modesto propósito é informar, alicerçados em argumentos estritamente técnicos, sem qualquer viés político. As razões para a realização da Copa América na iminência de uma terceira onda da pandemia no Brasil não corresponde à opção sanitária mais segura para o povo brasileiro”, diz trecho do texto.
Os técnicos citam a baixa quantidade de vacinados no país, o que, segundo eles, gera riscos à população.
“O Brasil não oferece segurança sanitária de acordo com dados objetivos para a realização de um torneio internacional dessa magnitude no país. Além de transmitir a falsa sensação de segurança e normalidade, oposta à realidade que os brasileiros vivem, teria o efeito reprovável de estimular aglomerações e transmitir um péssimo exemplo. Pelo atraso da vacinação, estamos muito distantes da cobertura vacinal mínima para pensar em retomadas da vida normal”, afirmam.
O documento também traz o número de mortos pela doença, alegando que estamos vivendo um dos “momentos mais críticos”, sob o risco de “uma terceira onda”.
“Morrem em média perto 2 mil brasileiros todos os dias vitimados pela doença e o colapso do atendimento hospitalar se avizinha. Isso significa que, a cada partida de futebol da Copa América, de 90 minutos, mais de 120 brasileiros estariam morrendo ao mesmo tempo. Futebol é uma das maiores expressões da alegria. Há alegria em uma situação como essa?”, questionam.
Além da política, há ciência
A equipe enfatiza que o texto não é político e, sim, técnico. “Alguns setores tentam forçar a realização da Copa América, ou não, como um ato político. Como se a única neutralidade fosse obedecer sem questionar. Por isso, trazemos a lume esses argumentos nitidamente técnicos. Para muito além da política, há uma discussão entre ciência em oposição ao negacionismo”, diz.
“Não somos contra a Copa América no Brasil ou em qualquer outro lugar. Mas acreditamos que o torneio pode esperar até que o país esteja preparado para recebê-lo, assim como já aconteceu pela primeira vez na história com uma competição muito mais importante, as Olimpíadas do Japão. Não realizar e não participar da Copa América no Brasil não é um ato político, é um gesto de respeito à vida de milhões de famílias enlutadas pela morte e por cicatrizes incuráveis”, finaliza o texto.