TCU nega pedido para que Coaf forneça informações sobre contas de Moro
Ex-juiz e ex-ministro do presidente Jair Bolsonaro é investigado pelo Tribunal de Contas por serviço prestado à consultoria Alvarez & Marsal
atualizado
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O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), negou, nessa sexta-feira (28/1), o pedido do subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público, para que o Banco Central e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) fornecessem informações sobre o salário recebido pelo ex-juiz Sergio Moro no tempo em que atuou na consultoria da Alvarez & Marsal.
De acordo com o ministro, medidas desse tipo só devem ocorrer, ainda que o TCU possa solicitar as informações, “quando esgotadas todas as demais ferramentas à disposição” do tribunal.
Na mesma decisão, porém, Bruno Dantas determinou que o setor de inteligência da Corte, a Secretaria-Geral de Controle Externo, prepare um relatório sobre o vínculo de Moro com a consultoria e outras empresas envolvidas na Operação Lava Jato.
“Determino à Segecex que busque nas bases de dados e sistemas disponíveis para acesso deste tribunal todas as informações que possam guardar relação com o vínculo estabelecido entre o ex-juiz Sergio Moro e a Alvarez & Marsal, ou ainda com outras empresas envolvidas na Operação Lava Jato, ficando a secretaria autorizada a utilizar todas as ferramentas de inteligência à disposição”, afirma o despacho.
Entenda
Em uma transmissão ao vivo, Moro divulgou que recebeu cerca de R$ 240 mil por mês na consultoria da Alvarez & Marsal.
De acordo com o pré-candidato à Presidência da República e ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), o montante depositado mensalmente para ele entre 2020 e 2021 foi de US$ 45 mil, o equivalente a R$ 241,65 mil. Com o desconto dos impostos, ele alegou que recebia U$S 24 mil por mês — ou R$ 128,8 mil.
O TCU investiga se Moro cometeu irregularidades no período em que trabalhou para a Alvarez & Marsal, em 2020 e 2021, nos Estados Unidos. A consultoria recebeu 78% de seus honorários de empresas que foram alvo da Lava Jato, operação que Moro comandava quando era juiz.
Dos R$ 83,5 milhões auferidos pela Alvarez em processos de recuperação judicial e falência, R$ 65,1 milhões vieram de firmas investigadas na operação.
O ex-juiz Sergio Moro alega que atuou na área de disputas e investigações da Alvarez, um braço distinto da consultoria, com outro CNPJ e sem relação com o de recuperação judicial. A Alvarez ainda não informou ao TCU quanto pagou de salário a Moro.