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TCU apura repasse de Damares, sem licitação, a empresa suspeita de lavagem

Recursos teriam sido usados para campanha contra violência contra a mulher durante a pandemia. Empresa é investigada por lavagem de dinheiro

atualizado

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Isac Nóbrega/PR
Damares Alves
1 de 1 Damares Alves - Foto: Isac Nóbrega/PR

Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta um repasse, no valor de R$ 4 milhões, realizado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado pelo ministra Damares Alves, sem licitação, com uma empresa investigada por lavagem de dinheiro pelo Ministério Público do Distrito Federal. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.

A transação citada teria o objetivo de bancar uma campanha publicitária de enfrentamento à violência doméstica durante o período de isolamento social. De acordo com a reportagem, a verba foi destinada à agência Fields, por meio de um TED (termo de execução descentralizada) no contrato de R$ 90 milhões firmado com o Ministério da Cidadania, chefiado por Onyx Lorenzoni.

A Fields é citada na investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público por suspeita de ter sido utilizada para a lavagem de dinheiro na compra de leitos hospitalares durante o governo de Agnelo Queiroz no DF de 2011 a 2014.

A agência pertence a Adriana Zanini, com quem a polícia apreendeu no ultimo dia 23 de julho uma mala com o equivalente a cerca de R$ 250 mil em cédulas de reais e dólares em sua casa. Ela é suspeita de ter atuado em crimes de lavagem de dinheiro quando figurava no Conselho Administrativo do Instituto Brasília para o Bem Estar do Servidor (Ibeps). No mesmo processo, são investigados o ex-governador Agnelo Queiroz e o ex-secretário de Saúde Rafael Barbosa, entre outros nomes.
Damares Alves comanda o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019
Damares, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Planalto
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Damares e Onyx durante o governo de transição

Digulgação/Governo de Transição
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Damares Alves comanda o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019

Willian Meira/MMFDH
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Damares, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Planalto

Igo Estrela/Metrópoles

Segundo a reportagem, a empresa firmou um contrato com o Ministério da Cidadania em 2017, que é prorrogado desde então. Os sucessivos aditivos elevaram de R$ 30 milhões para R$ 90 milhões o valor da prestação do serviço.

Procurada, a pasta informou que não possui contrato com agências de publicidade e, por isso, usou o Ministério da Cidadania como intermediário, que foi responsável por selecionar a agência. Já o Ministério da Cidadania informou que a Fields passou por licitação em 2017, e que foi escolhida para a campanha de Damares porque as outras duas, com quem a pasta tem contrato, estavam com outras atribuições.

Em nota, a empresa Fields informou que não tem nenhuma correlação com os fatos investigados pela operação Alto Escalão e que jamais firmou qualquer contrato com o Distrito Federal. Segundo a empresa, o nome de Adriana foi inserido de forma “leviana” pelo MPDFT que, “mesmo sem realizar qualquer procedimento investigatório, concluiu que ela fazia parte da diretoria do Ibesp”.

A nota informa que a Fields jamais teve qualquer contrato com o Ibesp, sendo que, até o dia da mencionada operação, sequer sabia da existência desse instituto e que não existe nos autos qualquer relação da Fields ou de Adriana com os fatos investigados.

Além disso, a empresa citou declarações públicas do ex-presidente do Ibesp Luiz Carlos do Carmo, nas quais ele atestou que Adriana jamais integrou a gestão do instituto e que o Ibesp jamais manteve qualquer relação com a Fields Comunicação.

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