TCU apura repasse de Damares, sem licitação, a empresa suspeita de lavagem
Recursos teriam sido usados para campanha contra violência contra a mulher durante a pandemia. Empresa é investigada por lavagem de dinheiro
atualizado
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Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta um repasse, no valor de R$ 4 milhões, realizado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado pelo ministra Damares Alves, sem licitação, com uma empresa investigada por lavagem de dinheiro pelo Ministério Público do Distrito Federal. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
A transação citada teria o objetivo de bancar uma campanha publicitária de enfrentamento à violência doméstica durante o período de isolamento social. De acordo com a reportagem, a verba foi destinada à agência Fields, por meio de um TED (termo de execução descentralizada) no contrato de R$ 90 milhões firmado com o Ministério da Cidadania, chefiado por Onyx Lorenzoni.
A Fields é citada na investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público por suspeita de ter sido utilizada para a lavagem de dinheiro na compra de leitos hospitalares durante o governo de Agnelo Queiroz no DF de 2011 a 2014.
Segundo a reportagem, a empresa firmou um contrato com o Ministério da Cidadania em 2017, que é prorrogado desde então. Os sucessivos aditivos elevaram de R$ 30 milhões para R$ 90 milhões o valor da prestação do serviço.
Procurada, a pasta informou que não possui contrato com agências de publicidade e, por isso, usou o Ministério da Cidadania como intermediário, que foi responsável por selecionar a agência. Já o Ministério da Cidadania informou que a Fields passou por licitação em 2017, e que foi escolhida para a campanha de Damares porque as outras duas, com quem a pasta tem contrato, estavam com outras atribuições.
Em nota, a empresa Fields informou que não tem nenhuma correlação com os fatos investigados pela operação Alto Escalão e que jamais firmou qualquer contrato com o Distrito Federal. Segundo a empresa, o nome de Adriana foi inserido de forma “leviana” pelo MPDFT que, “mesmo sem realizar qualquer procedimento investigatório, concluiu que ela fazia parte da diretoria do Ibesp”.
A nota informa que a Fields jamais teve qualquer contrato com o Ibesp, sendo que, até o dia da mencionada operação, sequer sabia da existência desse instituto e que não existe nos autos qualquer relação da Fields ou de Adriana com os fatos investigados.
Além disso, a empresa citou declarações públicas do ex-presidente do Ibesp Luiz Carlos do Carmo, nas quais ele atestou que Adriana jamais integrou a gestão do instituto e que o Ibesp jamais manteve qualquer relação com a Fields Comunicação.