Tarso Genro (PT): se Battisti falou a verdade, extradição foi correta
Ex-ministro da Justiça contou ter convencido Lula a conceder asilo ao italiano “devido à escassez de provas apresentadas pela Itália”
atualizado
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Após o italiano Cesare Battisti admitir culpa nos assassinatos dos quais é acusado, o ex-ministro da Justiça Tarso Genro (PT-RS) declarou que “a extradição foi correta”, se o ativista estiver falando a verdade, agora, sobre sua responsabilidade nos homicídios. Genro foi o responsável por conceder asilo político a Battisti no Brasil.
Contudo, Genro chama atenção para a possibilidade de Battisti ter confessado culpa apenas para conseguir, junto à Justiça italiana, um acordo que reduza sua pena.
Se ele está falando a verdade, a extradição foi correta. Mas ele pode estar dizendo isso para que sua pena seja acordada. Só existe uma única pessoa capaz de saber disso: o próprio Battisti
Tarso Genro (PT-RS), ex-ministro da Justiça
Provas escassas
O ex-ministro lembrou que, quando argumentou com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a necessidade de concessão do asilo, fez a solicitação com base em provas escassas apresentadas pelo governo italiano.
“Quando concedemos asilo político a ele, eu e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos baseamos nas provas escassas apresentadas pelo governo italiano. Tanto eram escassas que estão interrogando [Battisti novamente] agora”, argumentou Genro.
Entenda o caso
Battisti confessou os crimes perante o promotor Alberto Nobili, que coordena o órgão antiterrorismo do Ministério Público de Milão. Ele foi extraditado para a Itália pelo governo Bolsonaro há pouco mais de dois meses.
Ex-integrante do grupo terrorista Proletários Armados pelo Comunismo, Cesare Battisti foi condenado por terrorismo e participação em quatro assassinatos, que teriam sido cometidos na década de 1970. Uma das vítimas era o marechal da polícia penitenciária Antonio Santoro.
De acordo com o promotor Nobili, Santoro foi abordado na saída da prisão e baleado. Battisti também confessou a participação em um duplo homicídio. O joalheiro Pierluigi Torregiani e o açogueiro Lino Sabbadin foram assassinados por terem matado ladrões em tentativas de roubo.
Antes de ser preso na Bolívia, Battisti passou cerca de 40 anos foragido. Ele viveu alguns anos no Brasil depois de conseguir refúgio com Tarso Genro. Ele estava em Cananeia (SP), onde teve um filho.
Em dezembro do ano passado, o ex-presidente Michel Temer ordenou a extradição de Battisti para a Itália. O criminoso confesso então fugiu para a Bolívia, onde foi preso pouco tempo depois.
Em sua admissão de culpa, o italiano disse ao procurador que usara suas declarações de inocência para “obter apoios da extrema esquerda na França, no México, no Brasil e do próprio Lula”.
De acordo com autoridades italianas, a confissão foi feita no último fim de semana, na penitenciária da Sardenha, onde Battisti cumpre pena de prisão perpétua.