Suposta propina pedida por diretor do Ministério da Saúde renderia R$ 2 bilhões
A proposta sobre vacinas teria sido feita pelo diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, no dia 25 de fevereiro
atualizado
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Se ficar comprovada a acusação de que o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, pediu propina a um representante de empresa de vacinas, no valor de US$ 1 por dose, em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde, o montante recebido ilicitamente chegaria a R$ 2 bilhões.
A denúncia foi feita pelo vendedor Luiz Paulo Dominguetti Pereira, da Davati Medical Supply, à Folha de São Paulo. Segundo ele, a proposta foi feita em um encontro no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, região central da capital federal, no dia 25 de fevereiro. Na época, o dólar estava cotado em R$ 5,44.
A intenção era de que fossem adquiridas 400 milhões de doses da Astrazeneca. Essa quantia, multiplicada pela cotação do dólar no dia 25 de fevereiro, chega a R$ 2,1 bilhões – hoje, cerca de R$ 2 bilhões.
“Ele me disse que não avançava dentro do ministério se a gente não compusesse com o grupo, que existe um grupo que só trabalhava dentro do ministério, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a gente estava propondo”, afirmou à Folha o representante da empresa.
Dominguetti deu mais detalhes: ”A eu falei que não tinha como, não fazia, mesmo porque a vacina vinha lá de fora e que eles não faziam, não operavam daquela forma. Ele me disse: ‘Pensa direitinho, se você quiser vender vacina no ministério tem que ser dessa forma”.
A Folha perguntou então qual seria essa ‘forma’. “Acrescentar 1 dólar”, respondeu. Segundo ele, US$ 1 por dose. “E, olha, foi uma coisa estranha porque não estava só eu, estavam ele [Dias] e mais dois. Era um militar do Exército e um empresário lá de Brasília”, ressaltou Dominguetti.