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Suplicy sobre renda emergencial: “Vai além de ideologias”

O petista considera que o “coronavoucher” de R$ 600 aprovado pela Câmara cumpre mais um passo em direção à renda básica de cidadania

atualizado

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Eduardo Suplicy
1 de 1 Eduardo Suplicy - Foto: Facebook/Reprodução

A renda mínima emergencial de R$ 600 aprovada pela Câmara como forma de minimizar os efeitos econômicos da pandemia de coronavírus trouxe ao cenário político nacional o eterno defensor da “renda básica de cidadania”, o ex-senador e hoje vereador por São Paulo Eduardo Suplicy (PT). A medida emergencial, que ficou conhecida como “coronavoucher“, será votada pelo Senado nesta segunda-feira (30/03), em sessão virtual.

A menção ao político tem uma dose de novidade. Nessa quinta-feira (26/03), Suplicy estava entre os assuntos mais citados nas redes sociais pela defesa do mecanismo. Um reconhecimento pouco comum, pois o petista muitas vezes foi tratado como um sonhador, quase folclórico na paixão por um mecanismo que muitas gente achava apenas uma utopia. Supliciy muitas vezes experimentou mais aplausos por suas performances musicais, principalmente cantando o clássico de Bob Dylan, Blowin’ In The Wind.

Em entrevista ao Metrópoles, Suplicy insistiu em cada palavra da defesa da renda básica costumeiramente repetida em toda a sua carreira política, mas foi além. Ao ver o governo de Jair Bolsonaro tentando capitalizar em cima do que ele sempre pregou, disse: “A renda básica de cidadania vai além de ideologias”.

“Portanto, em que pese o pensamento liberal de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro, a renda básica de cidadania é um instrumento para além de ideologias. É uma proposta cujos fundamentos acompanham a história da humanidade”, explicou o petista.

Ao mesmo tempo em que fala dos ideais liberais de Paulo Guedes, Suplicy interrompe a entrevista, justificando compromisso marcado com Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), ex-deputada e ex-candidata a vice-presidente da República na chapa de Fernando Haddad (PT), derrotada por Bolsonaro nas eleições de 2018. Manuela tem conduzido estudos de formação política na chamada Plataforma dos Iguais, dentro do PCdoB, e chamou Suplicy para falar sobre seu assunto do coração em uma videoconferência.

“Se você quiser eu posso ir no início da história da humanidade e relatar um pouco da história da proposta da renda básica, que, mais e mais, vem sendo debatida e experimentada e considerada em países de todos os continentes”, sugeriu. “Só que eu estou vendo que está na hora e eu combinei um diálogo agora, ao vivo, com a Manuela D’Ávila que vai demorar uma hora”, justificou.

Passos
Para Suplicy, durante os governos petistas, o programa Bolsa Família representou um passo importante em direção ao modelo de renda básica, da mesma forma que agora o “coronavoucher” significa outro passo neste mesmo sentido. “O Bolsa Família é um passo na direção, assim como também o que foi aprovado na Câmara e será objeto de apreciação no Senado, com interação com a proposta apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) na próxima semana. “Acho importante que haja hoje um apelo, não apenas no Brasil, mas em diversos países do mundo”, comemorou.

A proposta, que agora vai ao Senado, prevê o pagamento de auxílio de R$ 600 a R$ 1.200 por família com renda per capita inferior a R$ 522. A renda familiar total também não pode exceder R$ 3.135. Não terão direito ao auxílio aqueles que recebem benefícios previdenciários, assistenciais ou seguro-desemprego, exceto o Bolsa Família.

A proposta de Randolfe Rodrigues, que também será objeto de discussão, estabelece a Renda Básica de Cidadania Emergencial. O texto propõe uma alteração na Lei nº 10.835, de 2004, que institui a Renda Básica de Cidadania, para estender esse benefício aos inscritos no Programa Bolsa Família e aos cadastrados no Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico), em casos de epidemias e pandemias.

O texto foi debatido em audiência pública virtual nessa quinta-feira (26/03), entre senadores e os movimentos e entidades da campanha Renda Básica que Queremos. Segundo a assessoria de Randolfe, a proposta até o momento alcançou cerca de 500 mil assinaturas e apoio de economistas. O senador argumenta que vários países estão adotando a medida, devido à pandemia.

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