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Superbloco encabeçado por PP e União Brasil atende a interesses de Lira e do governo Lula

Superbloco formado por nove partidos terá 173 deputados, sendo o maior da Câmara, onde o governo Lula ainda tenta construir governabilidade

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Augusto Tenório/Metrópoles
Líderes na formação de superbloco parlamentar com União Brasil, PSB, PP e mais na Câmara dos Deputados
1 de 1 Líderes na formação de superbloco parlamentar com União Brasil, PSB, PP e mais na Câmara dos Deputados - Foto: Augusto Tenório/Metrópoles

O superbloco parlamentar oficializado entre o União Brasil, PP, PSB, PDT, federação PSDB-Cidadania, Avante, Patriota e Solidariedade nesta semana contou com influência de Arthur Lira (PP-AL) e do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmam parlamentares ouvidos sob reserva pelo Metrópoles. Com 173 deputados, o grupo divide sua atuação entre governabilidade, disputa por relatorias e, também, o próxima embate pela presidência da Câmara dos Deputados.

Apesar de negarem publicamente, a criação do bloco no formato oficializado nessa quarta-feira (12/4), com nove partidos, foi pensada somente após Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, ser pego de surpresa com a formação de um outro bloco. Esse segundo grupo é integrado pelo MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC, com 142 deputados.

As negociações foram feitas sem o conhecimento do presidente da Câmara, que externou a colegas sua irritação pela movimentação feita sem seu aval. “Quando ele descobriu, isso aqui virou um pandemônio”, comentou uma parlamentar. Ela se disse surpresa com o fato de uma negociação envolvendo tantos e tão importantes partidos não ter chegado aos ouvidos de Lira.

A maior surpresa, segundo um interlocutor do presidente da Câmara, foi o ingresso do Republicanos no grupo. É o partido de Marcos Pereira (SP), 1º vice-presidente da Casa Baixa e um dos nomes cotados para assumir a presidência no futuro. O outro nome cotado é Elmar Nascimento (União-BA), um dos articuladores do superbloco.

Dessa forma, o ingresso do Republicanos no bloco com o MDB foi uma maneira de poder se aproximar do governo para angariar um possível apoio, sem necessariamente assumir uma posição que poderia render críticas aos deputados bolsonaristas e conservadores da legenda.

Até a formação do bloco do MDB, as negociações do PP envolviam apenas o União Brasil. “Depois da formação desse bloco com 142 deputados, essa formação ficou sem sentido. Por isso precisamos ir atrás desses outros partidos, mais próximos à base do governo. Para eles, foi bom porque, assim, podem conseguir boas relatorias”, explica um parlamentar do partido comandado por Luciano Bivar (PE).

Isso acontece porque, de acordo com o regimento, a escolha das relatorias de projetos acontece de acordo com o tamanho da bancada de cada partido, federação ou bloco parlamentar. “Tem muito mais repercussão interna que externa, no sentido demonstração de alinhamento ao governo”, diz um outro parlamentar. Ele considera, porém, que o governo apoiou porque seria mais fácil negociar com os independentes num cenário de ligação com partidos da base.

Dessa forma, Lira reforça seu poder dentro da Câmara dos Deputados, num momento de instabilidade causado pela formação de um bloco rival e pela disputa com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado e do Congresso Nacional.

Governo

A formação do bloco prevê rotatividade na liderança, com partidos assumindo o comando de acordo com o tamanho das suas bancadas: as maiores legendas passam mais tempo, com mudança a cada dois meses. O primeiro líder, escolhido de forma a demonstrar abertura de diálogo com o governo, foi Felipe Carreras (PSB-PE), correligionário do vice-presidente Geraldo Alckmin.

“O bloco vai ajudar a pavimentar a governabilidade de Lula na Câmara dos Deputados”, disse Carreras, em coletiva no salão verde da Câmara na tarde de quarta. A fala já repercutiu e um membro do grupo, que pertence à ala independente, afirma que declarações nesse tom gerarão atrito com o PP, União Brasil, PSDB e Cidadania. Essas legendas não se alinharam à base governista, apesar de o União contar com o comando de dois ministérios (e ter influência direta em um terceiro).

Elmar reforçou possibilidade de diálogo, mas se apressou em negar alinhamento com o governo: “Para mostrar que não há qualquer tipo de interesse em criar, sobretudo com o governo, qualquer tipo de celeuma, decidimos que o colegiado tomará as decisões e que ele será coordenado por um rodízio de líderes experientes, que estão mais afinados um governo, no sentido de que as pautas prioritárias do nosso país, como as MPs em tramitação e alguns projetos de lei com urgência constitucional, sejam tocados por essas pessoas”, disse, em coletiva.

Presidência da Câmara dos Deputados

A formação do bloco parlamentar liderado pelo PP e União Brasil também reflete na antecipação da disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. Elmar afirma que discutir a sucessão de Arthur Lira, neste momento, seria “um desrespeito” com o atual presidente da Casa Baixa.

Um aliado, porém, indica que o esquema de rotatividade já prevê que Elmar Nascimento assuma última liderança do bloco, antes da próxima eleição para a mesa diretora.

Enquanto isso, PL e a federação PT-PCdoB-PV escolheram não integrar nenhum bloco. O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e presidido por Valdemar Costa Neto possui 99 deputados, enquanto a aliança liderada pelo partido do presidente Lula tem 81 componentes.

“A federação não vai formar nenhum bloco, ela já funciona como um bloco”, disse um deputado do PCdoB, sobre a escolha de não formar blocos. Dessa forma, tanto o PL quanto a federação PT-PCdoB-PV serão os fiéis da balança na escolha do futuro presidente da Câmara.

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