Sócio de empresa investigada na CPI alega quarentena para não depor
Empresário afirma ter viajado recentemente para Índia e, por isso, deve cumprir quarentena obrigatória
atualizado
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A defesa de Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, protocolou, nesta terça-feira (22/6), uma petição junto à CPI da Covid solicitando que o empresário possa faltar ao depoimento marcado para esta quarta (23/6).
Segundo os advogados que o representam, Maximiano está cumprindo quarentena imposta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por ter feito uma viagem recente à Índia. Além disso, a defesa do empresário requereu acesso aos autos da CPI que envolvem o sócio da empresa.
Em razão da necessidade de quarentena obrigatória, o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), decidiu remarcar a oitiva para semana que vem. A tendência é de que o depoimento ocorra em 1º de julho.
Os defensores afirmam que Maximiano está à “disposição das autoridades para desmentir as inverdades que maliciosamente vem sendo difundidas” e para “prestar os devidos esclarecimentos e mostrar como a contratação da vacina Covaxin obedeceu a todos os critérios de integridade, valor de mercado e interesse público”.
“A contratação, é preciso deixar claro, beneficiará milhões de brasileiros e seguiu todas as regras do Ministério da Saúde e das leis brasileiras, bem como os padrões praticados internacionalmente pelo laboratório indiano Barath Biotech, no mesmo patamar dos outros laboratórios contratados no país, com vantagem de ter soluções de armazenamento mais simples e mais baratas para o MS”, denfenderam os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso.
Investigação
A empresa de Maximiano é investigada pela CPI da Covid por suspeita de ter sido favorecida em compra de doses das vacinas Covaxin, produzidas na Índia.
Conforme documento do Ministério das Relações Exteriores, o governo federal negociou, em fevereiro deste ano, a compra da vacina indiana Covaxin por um valor 1.000% mais alto do que o preço anunciado pela fabricante seis meses antes.
Em agosto do ano passado, o imunizante contra a Covid-19 foi orçado em 100 rúpias, valor que equivale a US$ 1,34 a dose, segundo a Bharat Biotech, laboratório que fabrica o fármaco. A informação consta em um telegrama sigiloso da embaixada brasileira na Índia.
No entanto, o valor acordado com o Ministério da Saúde é mais alto, de US$ 15 por unidade — o que equivale a R$ 80,70, na cotação da época.
Também chama atenção o fato de que, diferentemente das outras vacinas adquiridas pelo Ministério da Saúde, o contrato foi articulado com a Precisa Medicamentos, representante da Bharat Biotech no Brasil, e não com o próprio laboratório.
Outro telegrama do Itamaraty mostra que o embaixador brasileiro na Índia relatou críticas ao governo indiano por causa do valor pago pela vacina. Eles compraram o imunizante por US$ 4,10, quantia mais barata que a oferecida ao Brasil.
O valor total do contrato do Ministério da Saúde com a Precisa Medicamentos foi de R$ 1,6 bilhão. O negócio prevê a aquisição de 20 milhões de doses da vacina Covaxin. Dessas, 6 milhões tinham data de chegada prevista ao Brasil em março. A Anvisa, entretanto, ainda não havia autorizado a utilização do imunizante no país.