Sessão do Conselho de Ética foi anulada por ferir regimento, diz Felipe Bornier
A decisão foi anunciada após aliados de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apresentarem questões de ordem questionando a sessão do colegiado. Deputados anunciaram que vão entrar com recurso para que a decisão de Bornier seja analisada pelo plenário
atualizado
Compartilhar notícia
No exercício da Presidência da Câmara, o 2º secretário da Mesa Diretora da Casa, Felipe Bornier (PSD-RJ), anunciou nesta quinta (19/11) que a sessão do Conselho de Ética desta manhã foi anulada por ferir artigos do Regimento Interno da Casa. A decisão foi anunciada pelo parlamentar em plenário, após aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apresentarem questões de ordem questionando a sessão do colegiado. Deputados anunciaram que vão entrar com recurso para que a decisão de Bornier seja analisada pelo plenário.
Aliado bastante próximo de Cunha, o deputado André Moura (PSC-SE) levantou Questão de Ordem, pedindo a anulação da reunião do Conselho, pelo fato de o encontro só ter começado 50 minutos após o horário marcado (9h30). Segundo ele, o horário contraria prazo estabelecido pelo artigo 79 do Regimento Interno da Casa, que diz que uma comissão deve começar os trabalhos no máximo meia hora após o horário previsto. Ele citou ainda o artigo 70, que estabelece que as reuniões das comissões devem ser suspensas com o início da Ordem do Dia em plenário.
Antes da deliberação de Bornier, o presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), justificou que só começou a reunião após as 10h em razão dos problemas com a sala para realização do encontro. Segundo ele, somente nesta quinta (19) o presidente da CPI de Maus Tratos de Animais, Ricardo Izar (PSD-SP), informou que cancelaria a reunião do colegiado, marcada no mesmo horário e local da reunião do Conselho de Ética, para ceder o espaço para a reunião do Conselho de Ética que analisaria o parecer preliminar do processo contra Cunha.
Confusão
Araújo disse que não aceitaria que deputados apresentassem questões de ordem para protelar a sessão de votação do parecer pelo seguimento do processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A tropa de choque de Cunha atuou tanto no conselho quanto em plenário para impedir até mesmo a leitura do parecer do relator, Fausto Pinato (PRB-SP).
“O que não pode é ter questão de ordem unicamente para protelar a sessão. Eu não aceito esse tipo de coisa”, afirmou Araújo. “Alguns deputados, talvez, para prestar serviço, estejam se excedendo”, disse o presidente do conselho.
Alguns dos principais aliados de Cunha, André Moura (PSC-SE), Manoel Júnior (PMDB-PB) e Paulinho da Força (SD-SP) apresentaram questões de ordem para tentar impedir e, em seguida, encerrar a sessão, que acabou suspensa por causa do início da ordem do dia no plenário da Câmara. Cunha iniciou os trabalhos às 10h44, e Araújo suspendeu a reunião do conselho às 11h12 para retomá-la no fim do dia.
Geralmente, às quintas-feiras, Cunha inicia os trabalhos às 11h e os encerra entre 14h e 15h. Hoje, além de antecipar o início da sessão, disse que vai encerrá-la somente às 18h.
A sessão, marcada para 9h30 e, depois, para as 10h, começou somente às 10h23 por falta de quórum. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) chegou a ir ao plenário buscar deputados.
Temos todo tempo do mundo. Paciência foi uma coisa que Deus me deu. Vou exercer a minha paciência. Respeito todas as decisões tomadas pelo presidente Eduardo Cunha. Agora, no Conselho de Ética, tomo as decisões eu. Paciência, ele lá, eu cá. Cada um faz o seu, cada um no seu pedaço. Ele na presidência da Casa, eu na presidência do Conselho de Ética.
José Carlos Araújo
O advogado de Cunha, Marcelo Nobre, acompanhou a sessão e saiu sem dar entrevistas. Pinato também não falou com os jornalistas. Cunha é alvo de uma representação do PSOL e da Rede por quebra de decoro parlamentar por supostamente ter mentido à CPI da Petrobras quando disse que não mantinha contas no exterior.