Servidora do TRT de Alagoas se acorrenta em frente ao Congresso por reajuste salarial
Em greve de fome, Doralice diz que só volta para casa quando os parlamentares se posicionarem sobre o veto ao aumento do Judiciário
atualizado
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Na tentativa de chamar ainda mais atenção para a causa dos servidores do Judiciário Federal, a funcionária do Tribunal Regional do Trabalho de Alagoas (TRT-AL) Doralice Castro de Souza iniciou uma greve de fome e acorrentou o próprio corpo a uma placa em frente ao Congresso Nacional, nesta terça-feira (6/10).
Doralice tem 55 anos e, somente em 2015, já veio quatro vezes a Brasília reivindicar a derrubada do veto ao reajuste salarial da categoria.Mesmo debaixo de chuva e com a informação de que os parlamentares só devem se posicionar amanhã sobre o tema, a servidora diz que, desta vez, só voltará para Alagoas com uma resposta.
“Eu vim disposta a tudo. Drástico é os parlamentares brincarem com a gente, com minha esperança, com a minha dignidade. É uma falta de respeito o que estão fazendo”, desabafou a alagoana ao Metrópoles. “Estou em greve há 126 dias não porque eu quero, mas porque me obrigaram”, completa Doralice, que diz ter saudades da rotina de trabalho na 19ª Região.
A servidora conta que esta é a primeira vez que ela adere a um protesto do tipo. “Sempre estive muito ligada ao sindicato, mas nunca tomei uma atitude assim. Foi o pouco caso do Congresso e da presidente que me levaram a isso”, afirma.
A expectativa era de que o veto 26/2015 fosse apreciado hoje, em sessão do Congresso Nacional. Por falta de quórum, entretanto, a sessão foi adiada para quarta-feira (7/10).
Assista ao vídeo divulgado por Doralice:
Entenda o caso
Em greve desde 9 de junho, os servidores reivindicam a reposição das perdas inflacionárias sobre os salários da categoria desde 2006. O movimento defende a derrubada do veto 26/2015 da presidente Dilma Rousseff ao projeto de lei que reajustaria os salários em cerca de 59%.
Em junho deste ano, o Senado aprovou um reajuste para os servidores do Judiciário federal que varia de 53% a 78,5%, de acordo com o cargo. Os valores seriam pagos em seis parcelas, até 2017. Ao chegar ao Planalto, porém, a proposta foi vetada sob o argumento de que não seria possível arcar com o aumento. Os gastos chegariam a R$ 25,7 bilhões nos próximos anos.
Na justificativa enviada ao Senado, o governo afirma que “um impacto dessa magnitude é contrário aos esforços necessários para o equilíbrio fiscal na gestão de recursos públicos”. Segundo o Ministério do Planejamento, o impacto seria de R$ 1,5 bilhão, em 2015; em R$ 5,3 bilhões, em 2016; R$ 8,4 bilhões, em 2017; e R$ 10,5 bilhões, em 2018.
O governo alegou que o texto aprovado pelo Senado deixou de seguir o artigo 169 da Constituição Federal. A lei só permite aumento de remuneração se houver prévia dotação orçamentária. A reserva tem de ser suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e, quando houver autorização específica, estar na Lei de Diretrizes Orçamentárias.