Servidor do Senado prestou serviços a consultoria de lobby
Carlos Ricardo Caichiolo é assistente parlamentar na liderança da Rede e prestou serviços para empresa de ex-ministro
atualizado
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O assistente parlamentar Júnior do Senado Carlos Ricardo Caichiolo tem um currículo rico. Na lista de experiências do servidor, consta o cargo de coordenador da pós-graduação dos cursos de Gestão, Direito e Comércio Internacional do Ibmec. Atualmente, ele dá expediente na Liderança da Rede Sustentabilidade, cargo para o qual recebe R$ 7.157 mensais. Caichiolo é servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) e foi cedido no dia 2 de maio.
Como atividade paralela, Ricardo prestou serviços de “consultoria externa” BMJ Consultores Associados, que, no seu portfólio de atividades, inclui a representação de empresas e entidades junto a órgãos governamentais, função conhecida como “advocacy” ou lobby.
Como assistente parlamentar, Caichiolo tem acesso a documentos e projetos que ainda estão em fase de concepção. Parte do seu trabalho, como consultor da casa legislativa, é justamente a de trabalhar na edição de emendas e proposições.
O Metrópoles procurou a assessoria de imprensa do BMJ. A empresa admitiu que Caichiolo prestou serviços ao grupo. Afirmou, contudo, que o profissional não tem vínculo com o escritório e teria feito, sobretudo, trabalhos de natureza acadêmica. “Dependendo do projeto, ele entra.” Um projeto que ele já tocou junto ao grupo seria o de ministrar cursos para parceiros da BMJ.
Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da Rede, informou, em nota, que não conhecia Carlos Ricardo Caichiolo até o seu ingresso na Liderança. E destacou que ele foi escolhido para o cargo “em maio deste ano, após ser aprovado em processo seletivo público que contou com mais de 800 inscritos”.
Segundo a assessoria do senador, o servidor diz não possuir vínculos com o escritório e que os serviços que prestou foram anteriores à sua entrada no Senado, em maio. “O servidor reconhece ter informado em seu currículo no LinkedIn a atuação como consultor externo daquele escritório, em tempo anterior ao vínculo com o Senado”, detalhou.
Sócio polêmico
Um dos sócios fundadores da BMJ Consultores Associados é o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2007-2011) Miguel Jorge. A atuação extraoficial de Miguel foi investigada na Operação Erga Omnes – uma das fases da Operação Lava Jato desencadeada em 2015. Os policiais federais interceptaram troca de e-mails entre o então ministro de Lula e Dilma com executivos da Odebrecht.
Nas mensagens, Miguel Jorge afirma a Marcos Wilson e Luiz Antonio Mameri, da companhia, que esteve com “os presidentes” e que o “PR (presidente) fez o lobby”. Para os investigadores, está claro que Miguel Jorge se referia aos presidentes do Brasil e da Namíbia. E que Lula fez lobby para a empreiteira junto aquele governo africano.
Naquela ocasião, a Odebrecht participava de uma licitação na Namíbia. Num outro e-mail, enviado em 2009, o presidente da empreiteira à época, Marcelo Odebrecht, autorizava uma mudança na agenda para participar de um jantar com representantes da Namíbia.