Sérgio Camargo diz que pretende “moralizar” lista de personalidades negras
Relação de nomes da Fundação Palmares pode perder integrantes como Gilberto Gil, Elza Soares, Zezé Motta e Martinho da Vila
atualizado
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A nove dias da data que celebra a consciência negra no Brasil, em 20 de novembro, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, mudou as regras para inclusão ou exclusão de nomes de personalidades notáveis negras.
As mudanças foram publicadas nesta quarta-feira (11/11) no Diário Oficial da União (DOU). As novas regras determinam que a homenagem passará a ser póstuma.
Com isso, a lista de 90 personalidades pode perder integrantes como Gilberto Gil, Elza Soares, Zezé Motta e Martinho da Vila.
A portaria determina que o processo de inclusão ou exclusão de nomes deverá passar por processo administrativo instruído por uma comissão comandada por Camargo.
A seleção de novos nomes deverá considerar critérios como “relevante contribuição histórica no âmbito de sua área de conhecimento ou atuação”, “princípios defendidos pelo Estado brasileiro” e “outros critérios que poderão ser avaliados, de forma motivada, no momento da indicação”.
A portaria entrará em vigor em 1º de dezembro, quando serão divulgadas todas as exclusões de nomes, assim como todas as novas personalidades negras.
“Nomes negligenciados”
Sérgio Camargo usou as redes sociais para divulgar a medida e defender as novas regras. Segundo ele, personalidades importantes “foram negligenciadas”.
“O critério de seleção passa a ser a relevante contribuição histórica. Haverá exclusão de vários nomes. Novas personalidades serão incluídas em razão do mérito e da nobreza de caráter”, escreveu no Twitter.
Ele completou. “A seleção dos nomes é da diretoria colegiada da Fundação Palmares, como determina a portaria”, publicou. Esse grupo é chefiado por Sergio Camargo.
Assinei hoje portaria que moraliza a lista de personalidades negras da Fundação Palmares. O critério de seleção passa a ser a relevante contribuição histórica. Haverá exclusão de vários nomes. Novas personalidades serão incluídas em razão do mérito e da nobreza de caráter. 🇧🇷
— Sérgio Camargo (@sergiodireita1) November 10, 2020
A Fundação Palmares foi criada há 31 anos como resultado da luta do movimento negro. O objetivo é promover a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira.
Desde a nomeação de Sérgio Camargo para o cargo, entidades e movimentos negros questionam a conduta do presidente da Fundação Palmares.
Durante a gestão, ele já criticou o Dia da Consciência Negra, que não será comemorado este ano, falou sobre “vitimismo” dos negros, enalteceu a escravidão e se envolveu em polêmicas com artistas negros, como a cantora Alcione.