Senado tem voto aberto, tumulto e sessão é suspensa até este sábado
Parlamentares aliados de Renan Calheiros se revoltaram com votação aberta, o que consideraram uma manobra para derrotar o alagoano
atualizado
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Bate-boca, discussões ríspidas, dedos em riste e até roubo de anotações. No Senado, a sessão para a escolha do novo presidente da Casa gerou tumulto. O senador Davi Alcolumbre (DEM/AP), que presidiu a Mesa, colocou em votação a questão de ordem que pedia voto aberto, numa manobra contra Renan Calheiros (MDB-AL). Resultado: 50 senadores decidiram que a votação será aberta, contra 2 que a queriam fechada.
Em meio ao impasse entre aliados do alagoano e os “anti-Renan”, e em votação simbólica, Alcolumbre colocou a opção de suspender a sessão até as 11h deste sábado, o que foi aceito. O democrata será substituído pelo senador mais velho, José Maranhão (MDB-PB), aliado de Renan. O placar a favor do voto aberto, no entanto, deverá permanecer.
A decisão do voto aberto provocou uma reação extrema da senadora Kátia Abreu (PDT-TO), que subiu à Mesa para protestar contra a votação conduzida por Alcolumbre. Ela chegou a “roubar” a pasta de anotações do senador, com o roteiro de condução da sessão. “Por favor, me devolva a pasta, senadora”, pediu Alcolumbre. “Não devolvo. Vem tomar. Você não pode estar aí”, respondeu a senadora.
“Se o Davi pode fazer tudo isso, se o Davi pode fazer tudo isso, eu vou fazer a mesma coisa que o Juscelino fez em 64: eu vou votar no Davi, porque ele pode tudo”, atacou Renan. “Só no Brasil a maioria judicializa alguma coisa, porque no Brasil a minoria tem complexo de maioria. O exercício é: como a minoria eleger um presidente, apesar da Constituição e do regimento”, completou.
Katia Abreu não respondeu se votará neste sábado na nova convocação acordada. “Estamos confiando no Supremo para que ele decida se essa postura foi correta ou não. Aqui no nosso vizinho, o deputado Rodrigo Maia foi eleito presidente da Câmara com votação secreta”, disse. “Não tenho problema em revelar o meu voto, mas defendo a garantia do voto ser secreto para evitar pressões de quem quer que seja”.
“Canalha, Canalha”
Após o placar pelo voto aberto, os ânimos se acirraram totalmente. “Alcolumbre, você subverteu a ordem. Você ficou maluco?”, vociferava Kátia Abreu. Renan Calheiros, que também sentou-se à Mesa em protesto contra o presidente da sessão, ainda gritou: “Isso mesmo, tire ele daí, Kátia”. Major Olímpio (PSL-SP), também candidato, sugeriu que a Policia Legislativa fosse tirar a senadora da Mesa. “Canalha. Canalha”, repetia Renan.
Antes o alagoano já havia interpelado Alcolumbre: “Com que poder você está presidindo essa sessão?”. Os dois se atacam desde a manhã nas redes sociais e agora ao vivo.
Vale ressaltar que o voto fechado é previsto pelo regimento interno do Senado e teve parecer favorável do Supremo Tribunal Federal (STF), assim como ocorreu na Câmara dos Deputados.
Os candidatos
Sete senadores formalizaram seus nomes como candidatos à presidência do Senado: Renan Calheiros, Fernando Collor (Pros-AL), Major Olímpio (PSL/SP), Álvaro Dias (Podemos/PR), Ângelo Coronel (PSD/BA) e Reguffe (Sem partido-DF). Mais cedo, o tucano Tasso Jereissati (CE) anunciou sua desistência. David Alcolumbre não confirma se oficializou a candidatura, embora sua assessoria diga que sim.
Ao todo, 54 senadores assumiram o cargo. Desses, 46 estão no primeiro mandato. Os parlamentares foram chamados de acordo com a criação de cada estado da federação. Todos eles devem fazer o juramento: “Prometo guardar a Constituição Federal e as leis do país, desempenhar fiel e lealmente o mandato de senador que o povo me conferiu e sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”. Eles se preparam, agora, para a eleição que vai definir o próximo presidente da Casa.
Polêmica
O início da cerimônia foi marcado por uma polêmica entre o senador Renan Calheiros e Tasso Jereissati (PSDB-CE). Os dois eram adversários na disputa pela presidência do Senado, mas o senador tucano desistiu.
Nas redes sociais, Renan insinuou que não é sincero o apoio do senador tucano às reformas defendidas pelo governo Bolsonaro. Ele lembrou a aliança de Tasso com a família Ferreira Gomes no passado.
Ao chegar para a posse, Tasso disparou críticas a Renan Calheiros. De acordo com com ele, o comando de uma Casa como o Senado precisa ter credibilidade. O tucano reclamou da insistência do emedebista em querer retornar à presidência do Senado.
A surpresa do dia ficou por conta do senador Fernando Collor (Pros-AL), que foi o primeiro a registrar a candidatura à presidência na Secretaria-Geral do Senado. O ex-presidente não havia se declarado pré-candidato, mas entregou o pedido formal por volta das 14h.
Estão presentes nessa cerimônia ainda os ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, o governador de São Paulo, João Dória, o ex-governador do DF Rodrigo Rollemberg e o ex-candidato à Presidência da República Ciro Gomes.
Veja o vídeo do momento em que Renan Calheiros chega ao Senado: