Senadores articulam “filtros” para eventual fim de foro privilegiado
Parlamentares articulam emendas que podem modificar a proposta, criando “varas especiais”
atualizado
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Após pressão da opinião pública, senadores fecharam nesta terça-feira (21/3) um acordo para inserir na pauta de votações do plenário o projeto que extingue a prerrogativa de foro privilegiado para proteger políticos no exercício do mandato. No mesmo dia, entretanto, setores do Congresso já começaram a articular emendas que podem modificar a proposta, criando filtros de investigação e até mesmo “varas especiais” para impedir que processos que envolvam políticos cheguem diretamente à primeira instância da Justiça.
“Teremos um caminho tortuoso pela frente. As emendas que provavelmente serão apresentadas podem ser deformadoras e teremos que resistir a elas”, afirmou o senador Álvaro Dias (PV-PR), autor do projeto. Ele afirmou já ter sido avisado por outros senadores sobre o teor das emendas.
Bezerra não considera “correto” um deputado ou senador ser denunciado por um promotor em primeira instância. “Eu acho que deveríamos preservar que a denúncia para os parlamentares ficasse ainda a título da Procuradoria-Geral da República. O Supremo analisaria a procedência ou não da denúncia. Caso fosse aceita, nós iríamos ser julgados como qualquer cidadão brasileiro pela Justiça de primeira instância”, declarou Bezerra
O senador Roberto Rocha (PSB-MA) afirmou que, com a eventual extinção do foro, devem ser criadas varas especializadas para evitar influências de adversários políticos nas decisões dos promotores de primeira instância. Para ele, a “simples extinção” do foro privilegiado não seria uma medida “adequada”.
“Eu defendo, insisto na ideia que foi defendida pelo ministro (Luís Roberto) Barroso e tantos outros juristas: a criação de varas especializadas junto aos tribunais regionais federais, sendo que esses titulares e suplentes teriam dois anos improrrogáveis de mandato. Assim a gente poderia garantir o que não existe hoje, que é o duplo grau de jurisdição.”
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), relator do projeto, organizou nas duas últimas semanas um movimento para recolher assinaturas necessárias (41) para incluir o projeto na pauta de votações com urgência. A movimentação acabou pressionando por um acordo para a votação do projeto. Apesar do consenso para a tramitação, o senador considera que as emendas a serem propostas são uma forma de “mitigar o projeto” e representam a “manutenção do privilégio” de julgamento diferenciado.
Votação
Também na terça-feira, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), anunciou que iria incluir a proposta de emenda constitucional (PEC) do fim do foro privilegiado na pauta de votações desta quarta-feira. Pelo prazo regimental, o texto precisa passar por cinco sessões de discussão antes de ser apreciado em primeiro turno. Caso aprovado, serão contadas outras três sessões até a votação em segundo turno.
Durante os debates, devem ser chamados representares do Judiciário e do Ministério Público para falar sobre o assunto. Seguindo todos os prazos regimentais, a expectativa é que a proposta que extingue o foro deve ser apreciada entre maio e junho deste ano.