Senador vai à Justiça contra campanha anti-isolamento do governo
Junto de deputados federais, Alessandro Vieira vai pedir a suspensão de peça publicitária sobre coronavírus que custou R$ 4,8 milhões
atualizado
Compartilhar notícia
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) anunciou, nesta sexta-feira (27/03), que vai à Justiça contra a propaganda “O Brasil não pode parar” do governo Jair Bolsonaro (sem partido). A ação popular será proposta por ele junto aos deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) — todos do Movimento Acredito.
Para eles, a campanha lesa o patrimônio e a saúde pública e fere a moralidade administrativa, veiculando à população o posicionamento pessoal do presidente que “contraria a ciência, o bom senso e as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS)”.
O valor investido na peça, de R$ 4,8 milhões, poderiam ser utilizados, sustentam os parlamentares, para comprar cerca de 4 mil testes rápidos para o novo coronavírus.
Acusando Bolsonaro de adotar “narrativa leniente” com a doença, eles refutam o discurso de que o isolamento deve ser rompido para estimular a economia. “Não se preserva a economia colocando em risco a vida de milhões e milhões de pessoas”, criticam.
No Twitter, Rigoni criticou a iniciativa do governo.
Não podemos aceitar que o governo federal gaste R$ 4,9 milhões para contrariar recomendações científicas dos maiores especialistas do mundo em rede nacional. https://t.co/0FF4bEeGhR
— Felipe Rigoni (@rigoni_felipe) March 27, 2020
“O isolamento social é efetivo e tem como objetivo achatar a curva do número de doentes para que, ao longo do tempo, todos que precisem de atendimento hospitalar tenham acesso. Quanto mais doentes em pouco tempo, pior. Infelizmente o PR parece não ter entendido isso”, completou Tábata.
Campanha
A campanha, lançada oficialmente nessa quinta-feira (26/03), se sustenta na tese deJair Bolsonaro de que a quarentena total não é necessária porque a maior parte dos óbitos é de pessoas com idade avançada. Ele já anunciou que quer o chamado “isolamento vertical”, só para idosos.
“É preciso proteger estas pessoas e todos os integrantes dos grupos de risco, com todo cuidado, carinho e respeito. Para estes, o isolamento. Para todos os demais, distanciamento, atenção redobrada e muita responsabilidade. Vamos, com cuidado e consciência, voltar à normalidade”, diz o texto de uma publicação no perfil do governo federal no Instagram.