Senador tucano defende divulgação integral de conteúdo das delações
Ricardo Ferraço não arriscou avaliar, porém, se as novas revelações alterarão as tendências de voto na comissão do impeachment, do qual é integrante
atualizado
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O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) defendeu neste sábado (4/6), que o conteúdo das delações premiadas no âmbito da Lava Jato deve ser divulgado na íntegra, para que toda a sociedade tenha conhecimento e os senadores possam decidir sobre o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff com mais elementos.
“Nada disso me surpreende”, comentou ele, a respeito da informação publicada pela revista IstoÉ, segundo a qual Dilma teria dito ao empresário Marcelo Odebrecht que ele deveria pagar os R$ 12 milhões pedidos por Edinho Silva, então tesoureiro de sua campanha à presidência em 2014. Essa informação constaria da delação do empreiteiro.
“A revelação desmascara a tentativa de Dilma Rousseff e seus apoiadores de vitimizá-la”, avaliou Ferraço. “Propina para gastos de campanha, para pagar cabeleireiro, é coisa de quem não tem pudor.”
Ele não arriscou avaliar, porém, se as novas revelações alterarão as tendências de voto na comissão do impeachment, do qual é integrante. “Mas estou convicto que o retorno dela é um desastre absoluto.” As delações não integram formalmente o processo de impeachment, que trata de pedaladas fiscais, mas ajudam a compor o julgamento político que, segundo Ferraço, é dado “pelo conjunto da obra.”
O senador comentou ainda que o quadro político vai-se complicando com informações como a dada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que teria negociado e repassado R$ 70 milhões em propinas, sendo R$ 30 milhões para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), R$ 20 milhões para o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e outros R$ 20 milhões para o ex-presidente José Sarney.
Fala de Odebrecht
O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), defendeu neste sábado, 4, a inclusão das revelações feitas pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht como prova no processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Para o tucano, as declarações do empresário deverão ajudar a convencer senadores indecisos de que a petista não tem condições de voltar a comandar o País.
Segundo reportagem da revista IstoÉ, em acordo de confidencialidade com a Operação Lava Jato, Odebrecht teria afirmado que Dilma pediu pessoalmente uma doação de R$ 12 milhões para sua campanha eleitoral em 2014. Conforme a publicação, o empreiteiro diz que o então tesoureiro da campanha, Edinho Silva, pediu o montante, mas Odebrecht se recusou a pagar. O empresário, então, teria procurado Dilma, que teria afirmado: “É para pagar”.
“Essas declarações ajudam a formar a convicção de que ela não pode permanecer na Presidência da República. É mais uma elemento para corroer aquela fímbria de autoridade que ela tinha”, disse Aloysio Nunes. Para o senador, as falas de Odebrecht devem ser levadas em consideração no julgamento do impeachment. “Isso contribui para desmoronar aquela imagem virginal que ela o PT construíram dela e da gestão dela”.
Na avaliação do tucano, o próprio advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, abriu espaço para essa inclusão, ao pedir ontem na comissão do impeachment do Senado a inclusão como prova dos áudios em que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) defende estancar as investigações da Lava Jato. “Já que é para falar do conjunto da obra, fica evidente que (a declaração de Odebrecht) deve ser levada em consideração”, disse.
Na sessão da comissão do impeachment do Senado desta sexta-feira, o pedido de Cardozo foi negado pelo relator do processo, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). O tucano sustentou que os áudios de Jucá são estranhos ao processo. “Os áudios não são fatos novos, não alargam o objeto. Não são estranhos ao processo, eles são o processo”, rebateu o advogado de Dilma.