Senador retira apoio à CPI do MEC: “Acabará em palanque eleitoral”
Oriovisto Guimarães era um dos 27 senadores que assinaram o pedido de instalação do colegiado. Agora, oposição precisará de outra assinatura
atualizado
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O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) anunciou, neste sábado (9/4), que retirou a assinatura do requerimento de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as irregularidades e crimes praticados na destinação das verbas públicas do Ministério da Educação e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
O líder da oposição na Casa, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou, na sexta-feira (8/4), que havia conseguido as 27 assinaturas necessárias para instalação o colegiado. Guimarães era um dos 27. O governo, todavia, vem trabalhando para evitar a criação da comissão às vésperas da eleição, que teria potencial de gerar mais desgastes para o presidente Jair Bolsonaro (PL).
O parlamentar afirmou ser a favor da comissão, porém recuou do apoio formal. “Uma CPI tão próxima das eleições acabará em palanque eleitoral”, explicou Guimarães. “Então, é melhor que a investigação seja feita pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Assim, teremos uma investigação imparcial e técnica”, acrescentou.
— Senador Oriovisto Guimarães (@Sen_Oriovisto) April 9, 2022
Desta forma, os senadores precisarão de novas assinaturas para alcançar o mínimo necessário. Após o processo de coleta de assinaturas, é necessário protocolar o documento. O colegiado, composto de 11 membros titulares e 11 suplentes, terá o prazo de 90 dias para a conclusão dos trabalhos.
“Com a retirada da assinatura do senador Oriovisto Guimarães, voltamos a ter 26 para a instalação da CPI do MEC. Seguiremos atrás de mais assinaturas para passar a limpo o ‘BolsolãodoMEC’ e investigar os escândalos de corrupção desse Governo! Eles não podem sair impunes!”, afirmou Randolfe.
O então ministro da Educação Milton Ribeiro foi exonerado na semana passada após vir à tona um suposto favorecimento de pastores na distribuição de verbas do MEC. Ribeiro estava no comando da pasta desde julho de 2020.
Segundo as reportagens, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL), Ribeiro priorizava pastores na liberação das verbas públicas para construção de escolas e creches. Em troca, os pastores cobravam propina dos prefeitos, solicitando pagamentos em dinheiro, em bíblias e até em ouro.
“Os fatos narrados são gravíssimos e merecem ser rapidamente apurados pelo Senado Federal para que as responsabilidades, inclusive criminais ou de índole político-administrativa, sejam finalmente atribuídas”, diz o requerimento de abertura da CPI.
Contudo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou, na terça-feira (5/4), que todo requerimento de instalação de CPI que cumprir os requisitos necessários será analisado, mas cobrou responsabilidade dos parlamentares.
“É preciso ter muita responsabilidade neste momento do Brasil, de muito esgarçamento entre instituições, em que se exige união nacional. Temos um período eleitoral acirrado. É preciso ter cautela com instrumentos do Legislativo que possam soar com viés eleitoral”, declarou o presidente da Casa Legislativa.