Senado pauta voto de censura a assessor de Bolsonaro por gesto obsceno
O presidente da Casa determinou que a Polícia Legislativa abra investigação contra o assessor da Presidência da República Filipe Martins
atualizado
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Em sessão conjunta do Senado Federal, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) propôs, nesta quinta-feira (25/3), um requerimento de voto de censura ao assessor especial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) Filipe Martins. Na sessão de quarta (24/3), Martins foi flagrado reproduzindo gesto que remete a sinais obscenos e símbolos utilizados por supremacistas brancos.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), permitiu a leitura do requerimento de autoria do senador Fabiano Contarato. No entanto, segundo ele, por questões dispostas no regimento interno, não seria possível votar a proposta na sessão desta noite.
“Há uma vedação regimental de voto, para votar, precisaríamos votar à Câmara dos Deputados. Na sessão de terça-feira [30/3] , submeteremos à votação essa sua moção”.
Contarato classificou o episódio como “racista e preconceituoso”. “[Filipe Martins] Comportou-se de forma completamente inadequada, desrespeitosa e quiçá criminosa enquanto o presidente dessa Casa proferia seu discurso de abertura. Compatíveis com o movimento supremacista branco”.
Segundo o parlamentar, esta não seria a primeira vez em que Martins reproduz símbolos utilizados pelos extremistas.
Ainda conforme Contarato, em 2019, o assessor especial do presidente teria compartilhado o poema de manifesto do terrorista Brenton Tarrant. O criminoso foi preso após abrir fogo contra uma mesquita em Christchurch, na Nova Zelândia, em 2019. Cinquenta e uma pessoas morreram.
Veja o gesto feito pelo assessor:
“Completamente inadequado”
Mais cedo, Pacheco repudiou a conduta desrespeitosa do assessor especial do presidente. Na avaliação do senador, a ação de Martins configura “gesto completamente inapropriado”. “Vendo as imagens, identificamos um gesto completamente inapropriado. Queremos uma vez mais repudiar todo e qualquer ato de racismo ou obsceno, dentro e fora do Senado”.
O presidente da Casa determinou que a Polícia Legislativa abra investigação sobre o episódio.
“Uma vez apontado o fato pelo senador Randolfe Rodrigues, imediatamente, determinei que a Secretaria-Geral da Mesa Diretora colhesse as imagens e as entregasse à Polícia Legislativa”, lembrou Pacheco, antes de pedir respeito à Casa. “Senado não é lugar de brincadeira”, disparou.
Ajeitando a lapela
Ainda na noite de ontem, o assessor afirmou que estava ajeitando a lapela do terno. Ele usou o Twitter para justificar as imagens em tom ácido: “Mentes doentias enxergaram um gesto autoritário numa imagem que me mostra ajeitando a lapela do meu terno”.
Veja post de Martins:
Um aviso aos palhaços que desejam emplacar a tese de que eu, um judeu, sou simpático ao “supremacismo branco” porque em suas mentes doentias enxergaram um gesto autoritário numa imagem que me mostra ajeitando a lapela do meu terno: serão processados e responsabilizados; um a um.
— Filipe G. Martins (@filgmartin) March 24, 2021