Senado pagará doutorado de R$ 200 mil para Ilana Trombka, diretora do órgão
Despesa foi autorizada pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre. Custo pode ser ainda maior, com pagamento de passagens, diárias e seguro
atualizado
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Ilana Trombka, diretora-geral do Senado, fará doutorado em administração de empresas na Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo, totalmente custeado pela Casa. Ao todo, o aperfeiçoamento custará aos cofres públicos R$ 200 mil. A despesa foi autorizada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
O custo, já expressivo, poderá ficar ainda maior. Durante dois anos, 2021 e 2022, Ilana terá de ir a São Paulo. Os gastos com passagens e diárias, além do seguro saúde, também serão bancados pelo Senado. No decorrer do doutorado, Ilana não se afastará do cargo e continuará recebendo o salário de R$ 44,6 mil bruto.
Documentos obtidos pelo Metrópoles mostram como a liberação da despesa ocorreu (veja galeria abaixo). Após requerimento de Ilana, o pedido foi aceito por Alcolumbre.
Em 13 de novembro, o presidente do Senado liberou o custeio do curso por meio de despacho. “Autorizo o apoio financeiro, sem afastamento do exercício do cargo, à servidora Ilana Trombka para participação em doutorado profissional”, escreveu no documento.
Cinco dias após a chancela, o tema foi levado ao Comitê Científico-Pedagógico, órgão chefiado por Márcio Coimbra. Durante reunião do colegiado, realizada em 18 de novembro, ele se manifestou favoravelmente ao doutorado. Unanimemente, os demais integrantes do grupo seguiram posicionamento de Coimbra.
O Comitê Científico-Pedagógico exerce apenas uma avaliação técnica nesses casos. O órgão avalia a competência do servidor que pede a autorização. Por exemplo, se o funcionário que trabalha com recursos humanos fará uma especialização na área de atuação. O custeio é liberado pela presidência da Casa.
Segundo informações da FGV, repassadas ao Senado na proposta “comercial”, o órgão dividiu o valor do curso em 36 parcelas, sendo 24 repasses de R$ 5.833,33 e outros 12 de R$ 5 mil.
Histórico
Esta não é a primeira vez que a diretora do Senado se envolve em gastos altos do Senado. No ano passado, o Metrópoles mostrou viagens de Ilana custeadas com dinheiro do contribuinte — como o encontro com diretora de uma grife de joias em São Paulo.
Além disso, mudanças promovidas pela Comissão Diretora do Senado liberou benefícios para Ilana, como viajar de classe executiva ao exterior e uso de carros de natureza especial (veículos destinados a parlamentares).
O que dizem os citados
Em nota, a assessoria de comunicação do Senado informou que o curso “visa fornecer ao corpo diretivo da Casa conhecimentos relativos a processos de transformações nas organizações”.
“Como se observa, esses conhecimentos são essenciais para a gestão e administração do Senado e compatíveis com a função desempenhada pela servidora”, destaca o texto.
Segundo o Senado, a autorização tem respaldo no Regulamento Administrativo do Senado Federal e na Lei n° 8.666. “[O pedido] foi objeto de análise técnica do Comitê Científico-Pedagógico e análise jurídica da Advocacia do Senado, recebendo parecer favorável de ambas as áreas”, conclui a nota.
A reportagem não localizou a diretora Ilana Trombka. O Metrópoles procurou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e aguarda posicionamento do parlamentar. Márcio Coimbra não retornou o contato. Para todos os citados, o espaço continua aberto a esclarecimentos.