metropoles.com

Senado dá recados e cobra interlocução de Bolsonaro

Parlamentares prorrogaram incentivos fiscais automotivos. Equipe do presidente eleito teme “surpresas” no Orçamento

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Daniel Ferreira/Metrópoles
Plenário do Senado Federal – Brasília(DF), 10/05/2016
1 de 1 Plenário do Senado Federal – Brasília(DF), 10/05/2016 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Sem articulação política com o atual Congresso, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), sofreu dois reveses no Senado em menos de 24 horas em votações de impacto nas contas públicas. A movimentação foi considerada por senadores como recados ao novo governo. Entre quarta (7/11) e a quinta-feira (8), foram aprovados o reajuste do Judiciário e do Ministério Público, com repercussão em todo o funcionalismo, e a prorrogação de incentivos fiscais automotivos, o Rota 2030. Ambos terão de ser sancionados pelo presidente Michel Temer.

Nesta semana, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu uma “prensa” no Congresso para que a reforma da Previdência seja aprovada. A fala foi mal recebida pelos parlamentares. O presidente do Congresso, Eunício Oliveira (MDB-CE), reagiu: “Até o último dia em que eu for presidente, ninguém vai interferir nesse Poder”, disse.

A líder do MDB no Senado, Simone Tebet (MS), cobrou de Bolsonaro a indicação de um interlocutor com as lideranças da Casa para negociar votações. “Ele (Bolsonaro) está no tempo dele, formando o ministério. Acontece que tem uma agenda que não dá para esperar e, para que ela seja aproveitada pelo governo, precisa de interlocutor.”

Não reeleito, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) considerou a decisão do Senado de elevar o teto do funcionalismo público um “recado” ao novo governo. “Me pareceu que o Senado quis mandar um recado, algo do tipo: ‘Veja com quem está falando’”, disse o tucano à Rádio Eldorado.

Ferraço afirmou que Bolsonaro está provocando uma mudança na ocupação dos espaços de governo e que pode ter havido ressentimento. “Me parece que o presidente eleito e Paulo Guedes talvez não tenham feito tanto carinho como esses políticos querem. Foi um pouco de ressentimento. É um absurdo.”

Na equipe de Bolsonaro, há receio de que parlamentares em fim de mandato incluam novas “bombas” no Orçamento do ano que vem, em discussão.

Votos
Focada na transição, a equipe de Bolsonaro não conseguiu mobilizar votos contra as propostas. Senadores de siglas como PP, MDB, PR, PRB, PTB, PSD e DEM apoiaram o reajuste do Judiciário e do Ministério Público, assim como o governo Michel Temer.

Nessa quinta-feira (8), o general da reserva Augusto Heleno, futuro ministro do Gabinete de Segurança Institucional, disse não considerar que Bolsonaro tenha sofrido derrotas. “Não é derrota, é preocupação, até pelos gastos que foram anunciados.”

Atualmente, o PSL tem oito deputados, mas nenhum representante no Senado, onde as propostas foram aprovadas. Um de seus aliados, o senador Magno Malta (PR-ES), usou as redes sociais para protestar e não participou da votação.

Trânsito
Futuro ministro da Casa Civil, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) é quem fará a articulação política de Bolsonaro. Ele, no entanto, é considerado um nome com pouco trânsito no Senado e desgastado na Câmara. Lorenzoni não acompanhou as votações no Congresso e tampouco procurou Eunício Oliveira.

Na véspera, Eunício foi comparado a um “pato manco” pelo deputado eleito Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP), um dos formuladores da área internacional do próximo governo e cotado para o Itamaraty. “Pato manco é o político cujo sucessor já foi eleito, sem novo mandato, mas com poder para agir livremente… Eunício cria pautas-bomba para agradar aliados. Quem paga a conta? Nós. É contra isso que lutamos”, escreveu em uma rede social.

A equipe de transição já sabia que teria problemas com o Senado, por causa do grande número de nomes que não se reelegeram e que conhecem como poucos o regimento e as formas de protelar ou acelerar as votações, como aconteceu com os salários do Judiciário.

O grupo de Bolsonaro vê ainda risco maior na inclusão de emendas-surpresa no Orçamento. Eunício promete não dar recesso aos parlamentares enquanto o Orçamento não for votado. Ele não abre mão de cumprir o rito constitucional e diz que não aceita que mandem outro projeto de lei orçamentária no ano que vem. Se o Orçamento não for aprovado, o governo começa o ano executando 1/18 ou 1/12 avos das despesas previstas.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?