Senado aprova Ailton de Aquino, primeiro negro na diretoria do BC
O advogado Ailton de Aquino, servidor do Banco Central (BC) há 25 anos, vai assumir a Diretoria de Fiscalização
atualizado
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O plenário do Senado Federal aprovou, nesta terça-feira (4/7), Ailton de Aquino para a Diretoria de Fiscalização. No Banco Central (BC) há 25 anos, Aquino será o primeiro negro a assumir uma diretoria na instituição.
Ele recebeu 42 votos favoráveis e 10 contrários. Houve uma abstenção. Dos 81 senadores, 53 votaram.
Aquino e Gabriel Galípolo, aprovado minutos antes para a Diretoria de Política Monetária, são os primeiros nomes indicados pelo terceiro governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Banco Central.
Os indicados pelo petista vão se juntar a outros seis diretores e ao presidente Roberto Campos Neto nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável pela definição da taxa básica de juros, a Selic.
Pela manhã, os dois foram sabatinados pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) — veja destaques abaixo.
Com o aval do Senado, as nomeações deverão sair no Diário Oficial da União (DOU) nos próximos dias. Em seguida, tomarão posse de seus cargos.
Servidor do Banco Central desde 1998, o advogado Ailton de Aquino exerceu diversas funções na instituição. Ao ser sabatinado pelo Senado, ele defendeu a melhoria na comunicação do BC para a sociedade, que classificou como “hermética”, e a realização de concursos públicos para ampliar o quadro funcional do órgão.
Ailton Aquino é formado em ciências contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e em direito pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF).
Ele possui MBA em contabilidade internacional pelo Fundação Instituto Capixaba de Pesquisa em Contabilidade, Economia e Finanças; especialização em engenharia econômica de negócios pelo Fundação Visconde de Cairu; e especialização em direito público pela Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central.
Autonomia do BC
Na sabatina, os dois indicados falaram sobre a autonomia do BC, aprovada por lei em 2021. Galípolo frisou que foi determinada autonomia técnica e operacional e disse que “é óbvio que é o poder eleito democraticamente, na vontade das urnas, que determina qual é o destino econômico da nossa sociedade”.
“Não cabe aos diretores do Banco Central opinar ou dar qualquer tipo de diretriz sobre isso. A gente acata a legislação”, afirmou Galípolo.
Aquino disse que, como servidor de carreira, deixa a defesa da decisão política do Congresso. “Temos que respeitar e nos curvar ao que está na lei”, salientou.
A nova legislação fixou mandatos fixos de quatro anos para os diretores e o presidente do BC, que não coincidem com os mandatos do presidente da República. Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Campos Neto é o primeiro presidente da instituição não indicado pelo presidente da República de turno.
“Círculo virtuoso”
Ailton de Aquino citou em sua apresentação as alterações recentes nas expectativas de mercado, como o aumento na expectativa de crescimento do PIB e a queda na inflação projetada para o ano. “Percebo o advento de tempos melhores.”
“Esses movimentos demonstram o grau de confiança dos agentes econômicos e da população na gestão econômica do atual governo. Enfim, estou confiante de que estamos entrando num círculo virtuoso e que o Banco Central contribuirá na consolidação de um cenário mais alvissareiro para a economia e para a sociedade como um todo”, concluiu ele.