Senado adia votação de fundo eleitoral alternativo para próxima terça
O autor da proposta, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o valor será de R$ 3,6 bilhões, o mesmo que estava em discussão na Câmara
atualizado
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Sem consenso, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), adiou para a próxima terça-feira (26/9) a votação de uma proposta alternativa de fundo eleitoral com dinheiro público, discutida como forma de custear as campanhas eleitorais.
Segundo o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), autor da proposta, o valor do fundo será de R$ 3,6 bilhões, o mesmo que estava em discussão na Câmara dos Deputados. A redação da proposta, porém, deixa aberta a possibilidade de aumentar os recursos com a edição de créditos adicionais, segundo técnicos do Congresso ouvidos pela reportagem.
Este fundo seria abastecido com metade do valor que hoje é destinado no Orçamento às chamadas emendas de bancada. A previsão para o ano que vem é de R$ 4,4 bilhões em emendas de bancadas em 2018, o que resultaria em R$ 2,2 bilhões para o fundo.
A previsão de usar recursos de emendas, porém, criou novo impasse nas discussões da reforma política. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) argumenta que usar dinheiro das emendas significa, na prática, retirar recursos que seriam utilizados em áreas como saúde e educação.
Outra fonte de recursos prevista são as compensações fiscais concedidas às emissoras de rádio e televisão que transmitem os programas partidários. Na prática, esses programas deixam de existir em anos não eleitorais e o recursos poupados são transferidos para financiar as campanhas eleitorais.
Jucá, porém, abre a possibilidade de o valor ser acrescido ao prever que o fundo seja constituído “por meio de dotações consignadas na Lei Orçamentária Anual e nas leis de créditos adicionais cuja execução deva ocorrer no ano eleitoral”. Para os técnicos do Congresso, esse trecho deixa em aberto que o Executivo possa editar créditos via Medida Provisória, por exemplo, para destinar outros recursos.
No texto, Jucá ainda retoma uma proposta que já havia sido discutida na Câmara. O líder do governo incluiu um artigo que possibilita os partidos e instituições de utilidade pública realizarem bingos ou atividades parecidas como forma de arrecadar dinheiro para a campanha.
“Nenhuma pessoa física ou jurídica poderá distribuir ou prometer distribuir prêmio mediante sorteio, vale-brinde, concurso ou operação assemelhada, fora dos casos e condições previstas na Lei, exceto quando a operação for organizada por partido político ou instituição declarada de utilidade pública”, diz a proposta.
Divisão
A proposta determina ainda que o fundo será gerido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que ficaria responsável por repassar o dinheiro aos partidos políticos de acordo com distribuição prevista no texto. Pela proposta de Jucá, a menor parte, 2%, será distribuída entre todos os partidos registrados na Corte — atualmente, são 35.
Outros 49% devem ser divididos entre os partidos na proporção de votos por eles obtidos na última eleição para a Câmara. Há ainda a previsão de que 34% do fundo seja repassado na proporção do número de representantes na Casa em 10 de agosto deste ano. O restante dos recursos, 15%, devem ser divididos entre os partidos, tendo como base a proporção das bancadas no Senado também, no dia 10.
O líder do governo no Senado, que preside o PMDB, propõe ainda que cada partido tenha autonomia para definir como utilizará os recursos. Ou seja, o dinheiro será controlado pelos caciques partidários, que decidirão quais candidatos receberão mais ou menos recursos.
“Ninguém faz omelete sem quebrar ovos. Vão fazer demagogia dizer que isso é dinheiro público. Agora, duvido que não vão querer ter os recursos pra fazer a campanha eleitoral”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE), cujo partido fechou acordo para aprovar o texto proposto por Jucá.