Sem uso, residência da Granja do Torto custa mais de R$ 840 mil ao ano
Valor é referente à manutenção, contas de água, energia e telefone. Só de ligações, foram R$ 9.062,80 em setembro. Temer esteve lá 2 vezes
atualizado
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Você gostaria de ter uma casa com 370 mil metros quadrados, lago e córrego artificiais, piscina, campo de futebol, quadra poliesportiva, churrasqueira, heliponto e uma área de mata nativa? O presidente Michel Temer tem, mas não a usa.
Apesar de possuir a residência oficial da Granja do Torto à disposição, como sede campestre da Presidência da República, o atual chefe do Poder Executivo federal visitou o lugar somente duas vezes desde que assumiu o cargo. As despesas com o imóvel, porém, não deixam de ser geradas: no mínimo, R$ 840 mil são gastos por ano para manter esse espaço subaproveitado funcionando. Os dados, detalhados abaixo, são da Presidência da República e foram obtidos pelo Metrópoles via Lei de Acesso à Informação.
Apesar de o local não ter qualquer função oficial atualmente, os gastos com ligações entre janeiro e setembro foram de R$ 78.944,42. Há 16 funcionários, um deles com salário de R$ 5.652,01, desviados de suas funções originais para prestar serviço na Granja. A manutenção geral da casa custa cerca de R$ 55,4 mil por ano (R$ 4.618,43 mensais).
Criação de animais e visitas ilustres
A Granja do Torto é uma propriedade com características de casa de campo e se situa nos arredores do Plano Piloto. Seu nome está relacionado à sua localização, na Fazenda do Riacho Torto.
Seu primeiro morador foi Iris Meinberg, um dos diretores da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), empresa pública responsável por planejar e construir a capital federal, segundo informa o texto oficial divulgado no site da Presidência.
Além da casa, no terreno foi construída uma granja para fornecimento de ovos e frangos. Quando ocupou a Presidência da República, de 1979 a 1985, o general João Figueiredo residiu no local, onde criava cavalos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o que mais usou a residência da Granja do Torto. Todo ano, ele organizava uma festa junina entre amigos, além de jogos de futebol. Também fazia reuniões com ministros nesse endereço e recebeu celebridades como os cantores Lenny Kravitz e Bono Vox.
Lula fez da Granja a sua casa entre dezembro de 2004 e março de 2006. Dilma Rousseff utilizou bem menos esse espaço. A presidente morou ali durante 86 dias. Ela se mudou para lá após ter sido eleita, em novembro de 2010, e ficou até fevereiro de 2011.
Essa não é a única residência oficial da Presidência: há ainda o Palácio da Alvorada, casa urbana do mandatário do país, e o Palácio do Jaburu, que é destinado ao vice-presidente e onde Temer residiu após suceder Dilma.
O presidente Michel Temer chegou a reformar o Alvorada, obra na qual foram gastos R$ 20.279,65, mas desistiu de habitá-lo. A família – formada pela mulher, Marcela, e o filho, Michelzinho – preferiu o Jaburu, por ser menor e se parecer mais com um lar.
O Metrópoles procurou a Secretaria de Comunicação da Presidência da República para ter explicação sobre os gastos, mas não obteve resposta.