Sem máscara, contrariando orientação do MP, Bolsonaro inaugura ponte
Presidente e algumas autoridades desrespeitaram protocolos sanitários dos ministérios públicos do Acre e de Rondônia
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode sofrer um segundo processo por crime contra a saúde por ter participado, nesta sexta-feira (7/5), da cerimônia de inauguração da ponte sobre o rio Madeira, em Rondônia, sem máscara. A ponte do Abunã liga os estados do Acre e de Rondônia.
Havia uma recomendação pelos ministérios públicos dos dois estados para que todas as autoridades que participassem do evento seguissem rigorosamente as regras sanitárias e respeitassem o distanciamento social. Apesar de orientação de atividades que promovessem aglomeração, o evento e arredores foram marcados por reunião de pessoas.
Procurados, os MPs ainda não responderam pedidos de comentário da reportagem.
Nos últimos meses, Bolsonaro tem feito visitas semanais a estados para inauguração de obras, as quais contam com aglomerações de simpatizantes do governo federal.
Em fevereiro de 2021, ele cumpriu agenda em Sena Madureira (AC), após enchentes atingirem o estado. O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público Estadual do Acre acionaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) para pedir a responsabilização do presidente e comitiva por crime contra a saúde pública.
No despacho, o procurador da República Lucas Dias afirmou que as autoridades desrespeitaram as normas de isolamento social impostas pelo governo do Acre.
Além do presidente Jair Bolsonaro, também foram representados os ministros Onyx Lorenzoni (então Cidadania, hoje Secretaria-Geral), Luiz Eduardo Ramos (então Secretaria de Governo, hoje Casa Civil), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Gilson Machado Neto (Turismo), além dos ex-ministros Fernando Azevedo (Defesa) e Eduardo Pazuello (Saúde) e do senador Márcio Bittar (MDB-AC).
Inauguração da ponte do Abunã
Na cerimônia de inauguração da ponte nesta sexta-feira, Bolsonaro esteve acompanhado do empresário Luciano Hang, da rede varejista Havan, e do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet. Assim como o mandatário, os dois permaneceram sem a proteção facial durante toda a realização do evento.
Veja como se comportaram as demais autoridades:
- Governador do Acre, Gladson Cameli (PP) – Tirou a máscara ao discursar e disse: “Eu queria tirar aqui a máscara para poder olhar no semblante de cada um”
- Governador de Rondônia, Marcos Rocha (PSL) – Tirou a máscara ao discursar
- Ministro Augusto Heleno (GSI) – De máscara durante toda a cerimônia
- Ministro Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) – Tirou a máscara em alguns momentos
- Ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) – Sem máscara o tempo todo
- Presidente da Caixa, Pedro Guimarães – Tirou a máscara ao discursar
- Senador Marcio Bittar (MDB-AC) – Sem máscara o tempo todo
- Senadora Mailza Gomes (PP-AC) – De máscara durante toda a cerimônia
- Senador Marcos Rogério (DEM-RO) – De máscara durante toda a cerimônia
A ponte do Abunã vai ligar o Acre a Rondônia e facilitar o comércio entre os dois estados. A obra do governo federal foi iniciada em 2014, na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Assista à transmissão do evento: