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Sem líder, PRTB tenta manter Mourão e atrair Bolsonaro para sobreviver

Com baixa capilaridade, partido que era presidido por Levy Fidelix não tem tempo gratuito em rádio e TV e possui poucos recursos públicos

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Arte PRTB
1 de 1 Arte PRTB - Foto: Gui Prímola/Metrópoles

Depois da morte de Levy Fidelix, fundador do PRTB, os herdeiros do “pai do Aerotrem” se articulam para manter o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, na sigla e tentam atrair o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com vistas às eleições de 2022. Presidida 26 anos por Fidelix, a legenda está agora sob o comando nacional da viúva dele, dona Aldineia, e de Levy Filho, secretário-geral da sigla.

O partido, que não estava no radar do presidente, entrou na lista dos que agora disputam sua filiação, como outros quatro — Patriota, DC, PSC e PMB (que recentemente mudou de nome para Brasil 35 em sinalização a Bolsonaro).

Na noite de terça-feira (27/4), Bolsonaro recebeu no Palácio da Alvorada a família Fidelix. Após o jantar, que não constou na agenda oficial do presidente, Sandra Terena, esposa do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, afirmou que “a aliança do presidente com o PRTB é um casamento perfeito, e há boa intenção de ambos”.

Segundo ela, a decisão agora cabe à matriarca da família, dona Aldineia, que deve decidir sobre a entrega do partido a Bolsonaro. Sandra foi secretária nacional da Igualdade Racial do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos e ainda mantém relações no governo.

Após a saída do PSL, em novembro de 2019, Bolsonaro anunciou intenção de fundar um partido próprio, o Aliança pelo Brasil, porém a agremiação não decolou. Bolsonaro vem dizendo que procura um partido do qual seja dono, o que significa ter assegurado o controle dos diretórios estaduais.

“Eu estou namorando outro partido, onde eu seria dono dele, como alternativa se não sair o Aliança”, disse ele a apoiadores no começo de março.

Ao Metrópoles, Mourão afirmou que o partido só teria a ganhar com a filiação do presidente, visto que ele daria uma expressão maior à sigla. Ainda assim, o vice disse não participar das conversas para eventual filiação do presidente.

É um acordo entre a Executiva do partido e o presidente Bolsonaro. Eu não sou da Executiva, eu sou apenas um membro do partido, cumpro o que a Executiva decide”, afirmou o general. “Eu acho que o partido teria uma expressão maior do que ele tem hoje.”

Os cerca de 20 deputados federais do PSL aliados a Bolsonaro pretendem seguir o presidente na escolha partidária. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) é uma delas. Questionada pela reportagem, a parlamentar afirmou que não comenta as siglas cotadas pelo chefe do Executivo, mas confirmou que o acompanharia na mudança.

À semelhança dos demais partidos “nanicos”, como são chamados aqueles com baixa expressão nacional, o PRTB possui poucos recursos em caixa — tem direito apenas ao fundo eleitoral – e também não conta atualmente com representantes no Congresso Nacional. Além do vice-presidente, há 13 deputados estaduais distribuídos em oito estados e seis prefeitos. 

Nas eleições municipais de 2020, o partido recebeu apenas R$ 1,2 milhão do fundo eleitoral. O valor não fica muito distante do recebido pelo PMB (R$ 1,2 milhão) e pelo DC (R$ 4 milhões), mas é expressivamente menor que o do Patriota (R$ 35,1 milhões) e o do PSC (R$ 33,2 milhões). Diferentemente do fundo partidário, os recursos destinados às eleições são distribuídos a todos os partidos, independentemente da bancada federal eleita.

Mourão em 2022

Mourão já disse que não deve compor a chapa de Bolsonaro novamente. Nos últimos meses, o general e o chefe do Executivo discordaram, por diversas vezes, sobre questões importantes do governo, como assuntos ligados à pandemia do novo coronavírus.

Além dos atritos e indiretas do presidente ao colega de chapa, em 2018, as reuniões entre os dois, segundo apurou o Metrópoles, caíram pela metade desde o início do governo, em 2019.

Em seu primeiro cargo eletivo, Mourão demonstra estar à vontade na política. Em suas conversas diárias com a imprensa, o general da reserva tem falado da possibilidade de disputar a corrida ao Senado, pelo Rio Grande do Sul.

“Bolsonaro vai escolher outra pessoa para acompanhá-lo para a reeleição. O que tenho visto [nas] declarações de Bolsonaro é que ele precisaria de outra pessoa no meu lugar, mas ele nunca disse isso para mim”, falou Mourão na segunda-feira (26/4), durante entrevista ao jornal Valor Econômico.

“Se abrir a possibilidade, vejo que disputar a cadeira ao Senado estaria mais ao encontro da maneira como sou, como atuo.”

A grande questão, no momento, é a manutenção ou não de Mourão no PRTB, visto que ele é hoje o quadro de maior expressão da legenda, mas vem sendo cortejado por siglas de centro, como PL e Republicanos.  o vice-presidente disse à reportagem que não pensa em mudanças partidárias no momento, e negou conversas com outras legendas.

O PRTB foi o primeiro partido de Mourão desde que saiu da ativa e ingressou na política, em 2018. O vice-presidente passou 46 anos no serviço militar.

Histórico do PRTB

Fundado em 1994 por Levy Fidelix, o PRTB nasceu de uma dissidência do Partido Trabalhista Renovador (PTR), defendendo bandeiras trabalhistas. Contudo, ao longo de seus 26 anos o partido foi se aproximando cada vez mais da direita conservadora. Ao longo desses anos, a principal ideia elaborada pelo presidente Levy Fidelix foi o projeto do Aerotrem, alvo de polêmicas em relação à sua viabilidade e custo de implantação.

O partido tem cerca de 150 mil filiados atualmente. Nas eleições de 2018, elegeu 13 deputados estaduais distribuídos em oito estados, mas não elegeu nenhum senador ou deputado federal. No pleito municipal de 2020, fez seis prefeitos. No entanto, a sigla não recebe recursos do fundo partidário porque, sem representação na Câmara dos Deputados, não atende ao estipulado pela reforma ministerial de 2017.

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