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Sem base sólida no Congresso, governo Lula ainda depende do Centrão

Desarticulado no Congresso, governo votará arcabouço fiscal às cegas; lideranças reclamam de inação e falta de governabilidade

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Hugo Barreto/Metrópoles
O presidente Lula em reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira e senadores após invasão no Congresso Nacional. Ele aparece em detalhe com bandeira da República atrás - Metrópoles
1 de 1 O presidente Lula em reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira e senadores após invasão no Congresso Nacional. Ele aparece em detalhe com bandeira da República atrás - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Às vésperas da votação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, a base do governo no Congresso Nacional demonstra insatisfação com a articulação política no Legislativo, já que o Executivo ainda depende do Centrão para aprovar a nova regra fiscal. Entre as críticas dos parlamentares, estão a falta de assertividade em decisões, excesso de reuniões e dificuldade em conquistar apoio dos deputados.

O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), prevê a votação da nova regra fiscal, que substituirá o teto de gastos, para até 10 de maio. O arcabouço é considerado a primeira prova de fogo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que desde que assumiu o Palácio do Planalto não teve matérias votadas pelo Parlamento para testar a força de sua base no Congresso.

No entanto, a votação e aprovação da mudança fiscal dependerá do Centrão, pois o governo ainda não construiu uma base sólida no Parlamento. Com isso, a responsabilidade recai sobre os ombros de Lira e do bloco do PP, que o ajudou a se reeleger na Casa.

O grupo de centro é formado por 173 deputados, reunindo União Brasil, Progressistas, Federação PSDB-Cidadania, PDT, PSB, Solidariedade, Avante e Patriota.

O grupo encabeçado por Lira é seguido por outro, do MDB, com 142 deputados. Integram o bloco os partidos MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC.

Já as duas maiores bancadas na Câmara, o PL (sigla de Jair Bolsonaro) e o PT (de Lula), ficaram de fora da formação dos blocos que dividem as forças de centro.

“Governabilidade nas mãos do Centrão”

A ausência de um bloco do partido do governo fez petistas da velha guarda ficarem insatisfeitos. Reservadamente, líderes avaliaram que Lula entregou a governabilidade nas mãos do Centrão, o mesmo erro de Jair Bolsonaro, e isso atrapalha a condução dos trabalhos no Congresso. “Se somos governo, temos que ter um bloco nosso, mas não temos”, afirmou um parlamentar.

Sem consenso, deputados recém-eleitos do PT avaliaram que o governo espera “organizações dos partidos” para conseguir negociar e que qualquer grupo fora de um “bloco do governo” seria oposição, o que dificultaria mais a articulação.

O líder do Solidariedade, o deputado Áureo Ribeiro (RJ), afirmou ao Metrópoles que a desorganização dos governistas atrapalha. “Temos reuniões para marcar reuniões e outra reunião… isso nos faz perder tempo. Terão que ser mais objetivos. [O governo] precisa de decisões mais acertadas. Está sem entrosamento”, avaliou.

A falta de articulação recaiu sobre o Ministério das Relações Institucionais, chefiado por Alexandre Padilha. Congressistas avaliam que o ministro “não foi uma escolha acertada” e que o gabinete “precisa de alguém de centro”.

A pasta de Padilha funciona como uma “ponte” entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional com o objetivo de garantir governabilidade.

Do outro lado, parlamentares de centro acreditam que a “falta de articulação” é refletida, principalmente, na economia. As críticas ao “excesso de conversa” são unânimes. Uma liderança do partido de Lira avaliou que “muito se conversa, mas não se resolve nada”.

Há, ainda, avaliações de caciques de que presidente da Câmara dos Deputados é utilizado como uma espécie de “terceira via” do governo pela falta de articulação do Palácio com o Congresso. “Lira não é uma terceira via porque busca essa responsabilidade, mas empurram isso para ele porque não têm para onde jogar”, afirmou um deputado em caráter reservado.

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