metropoles.com

Sem acordo, Câmara adia mais uma vez votação do novo Imposto de Renda

Lira tentou levar a matéria a votação novamente, alegando que ser impossível consenso neste assunto, mas líderes decidiram postergar decisão

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Pablo Valadares/Agência Câmara
Arthur Lira_plenário_Câmara
1 de 1 Arthur Lira_plenário_Câmara - Foto: Pablo Valadares/Agência Câmara

Sem acordo entre líderes partidários, a Câmara dos Deputados adiou mais uma vez, nesta terça-feira (17/8), a votação do projeto que altera as regras do Imposto de Renda. A matéria já havia sido adiada na semana passada, em meio à pressão de setores empresariais e falta de acordo com estados e municípios.

O líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), apontou que o impasse para a análise do texto se deve à intenção dos parlamentares para escalonar a tributação de dividendos e o impacto dessa mudança nos repasses de recursos para os municípios.

O deputados, de acordo com o líder governista, defendem que a tributação de lucros e dividendos tenha a alíquota de 10% em 2022 e passe para 20% em 2023. A proposta do governo e do relator do projeto, Celso Sabino (PSDB-PA), é de que a alíquota de 20% passe a valer a partir do próximo ano.

Mesmo com requerimentos de vários líderes para que a matéria fosse retirada de pauta, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), tentou colocar a matéria em votação, alegando que não haverá consenso sobre a reforma tributária, por se tratar de um tema muito complexo.

“Esse não é um assunto fácil, esse assunto mexe com finanças, com tributos, com a modificação do sistema de taxação de grandes dividendos”, disse. O pedido de retirada, no entanto, acabou aprovado.

O governo quer levar a votação da proposta somente para a próxima semana. A oposição é contra sua aprovação.

“A orientação do governo é para votação na próxima semana. Se atendermos o pedido para [escalonar a alíquota] de dividendos, haverá perda para municípios. Os parlamentares não querem impor perdas aos municípios. E se não mudarmos a regra dos dividendos não teremos votos para aprovar o texto. Vamos aguardar os cálculos e procurar uma solução”, disse Barros.

Propostas

O projeto propõe alterações na tributação de pessoas físicas, empresas e estabelece a taxação de dividendos, entre outros pontos. O relator Celso Sabino chegou a acatar várias modificações no texto e apresentou cinco versões do relatório até o momento. No entanto, a construção de um acordo para a aprovação ainda está longe de ocorrer.

O objetivo era manter a busca por um apoio mais amplo ao relatório. Ainda na tarde dessa segunda-feira (16/8), o relator se reuniu com representantes de secretarias estaduais de Fazenda e empresários para chegar a um texto que possa ser aprovado.

5 imagens
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, comanda a sessão plenária
Jair Bolsonaro e Arthur Lira durante agenda em Alagoas
Presidente da Câmara, Arthur Lira, durante sessão plenária
Presidente da Câmara, Arthur Lira, no plenário
1 de 5

Lula ainda lidera as pesquisas de intenção de voto

Isac Nóbrega/PR
2 de 5

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, comanda a sessão plenária

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
3 de 5

Jair Bolsonaro e Arthur Lira durante agenda em Alagoas

Alan Santos/PR
4 de 5

Presidente da Câmara, Arthur Lira, durante sessão plenária

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
5 de 5

Presidente da Câmara, Arthur Lira, no plenário

Pablo Valadares/Agência Câmara

Na semana passada, ao anunciar o adiamento por pressão de líderes da base governista, Lirase mostrou cético sobre a construção de um acordo.

“O momento, de agora para frente, não é mais de críticas nem de sugestões. É de barganhas corporativas, todo mundo querendo manter privilégio”, disse Lira, ao se mostrar contrariado com a postergação.

Mesmo assim, a votação foi adiada, “sem o compromisso do mérito” dos líderes. Ou seja, sem vincular qualquer posicionamento dos partidos a respeito do assunto. Lira, nessa segunda, já sinalizou sua intenção de entregar a reforma do imposto de renda votada até o fim desta semana.

Estados e municípios

O relatório apresentado por Sabino prevê redução de até 1,5 ponto percentual na cobrança da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) para as empresas, já em 2022.

A alíquota cobrada, com a mudança, passará de 9% para 7,5%. No texto original, essa contribuição não mudaria.

A redução foi uma estratégia adotada pelo relator para diminuir a resistência de estados e municípios à reforma. Eles alegaram uma perda de R$ 16,5 bilhões ao ano.

Ainda há pontos que não agradam a prefeituras de todo país. Um deles é o que trata da adoção do desconto simplificado de 20% somente para quem recebe até R$ 40 mil por ano. As prefeituras estimam uma perda de R$ 3,7 bilhões ao ano de impostos retidos na fonte.

O relator ainda incluiu empresas do Simples, com faturamento de até R$ 4,8 milhões anuais, na lista de isenções, além das empresas que optam pelo regime de lucro presumido (com limitação de faturamento até R$ 4,8 milhões). Ele também liberou a cobrança para os casos de empresas que distribuem os lucros dentro do grupo econômico e para coligadas.

Entenda, ponto a ponto, o que pode mudar com a reforma do imposto de renda:

Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF)

Faixa de isenção

Como é hoje: atualmente estão isentos do IR as pessoas que recebem até R$ 1.903,98 por mês.

O que o texto propõe: faixa de isenção é ampliada para R$ 2.500.

Tabela do IR

Como é hoje: última correção da tabela do IR foi feita em 2015

Faixa 1 – até R$ 1.903,98: isento
Faixa 2 – R$ 1.903,99 até R$ 2.826,65: 7,5%
Faixa 3 – R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05: 15%
Faixa 4 – R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68: 22,5%
Faixa 5 – acima de R$ 4.664,69: 27,5%

O que o texto propõe: proposta amplia faixa de isenção em 31%, provocando um reajuste médio de 13% nas demais faixas.

Faixa 1 – até R$ 2.500: isento
Faixa 2 – R$ 2.500,01 até R$ 3.200: 7,5%
Faixa 3 – R$ 3.200,01 até R$ 4.250: 15%
Faixa 4 – R$ 4.250,01 até R$ 5.300: 22,5%
Faixa 5 – acima de R$ 5.300,01: 27,5%

Desconto simplificado

Como é hoje: contribuinte pode optar pelo modelo de declaração simplificado, com desconto de 20%. Não há limite de renda, mas existe um teto de R$ 16 mil para uso do desconto.

O que o texto propõe: o desconto simplificado de 20% ficará restrito a quem recebe até R$ 40 mil por ano, o que equivale a R$ 3.333 por mês.

Tributação de lucros e dividendos

Como é hoje: desde 1995, os dividendos são isentos no Brasil.

O que o texto propõe: a proposta original do governo era de tributar lucros e dividendos em 20%, com isenção para ganhos mensais de até R$ 20 mil para o caso de pessoa física que receba de micro ou pequena empresa.

Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ)

Como é hoje: o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) tem alíquota de 25%, sendo 15% da alíquota geral e 10% para ganhos acima de R$ 20 mil.

A Contribuição Social sobre Lucros Líquidos (CSLL) tem alíquota média de 9%.

O que o texto propõe: redução de 10 pontos percentuais nos dois tributos. Para o IRPJ, a redução é de 8,5 p.p. na alíquota geral a partir de 2022. O imposto para empresas será de 16,5%. Já o corte na CSLL é de 1,5 p.p. Ela ficará em 7,5% a partir de 2022.

Segundo Ricardo Barros, o impasse para a análise do texto está no pleito dos parlamentares para escalonar a tributação de dividendos e o impacto dessa mudança nos repasses de recursos para os municípios.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?