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Segundo Coaf, gabinetes da Alerj têm até 4 assessores da mesma família

Documento aponta que negociações financeiras feitas por núcleos familiares em gabinetes envolvem grandes valores

atualizado

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Agência Brasil
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1 de 1 alerj1 - Foto: Agência Brasil

O mesmo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que revelou movimentações atípicas de assessores e ex-assessores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) – como as do ex-motorista de Flávio Bolsonaro, Francisco Queiroz – também indica que alguns gabinetes têm até quatro assessores de uma mesma família. A informação foi divulgada na noite desta terça-feira (22/1) pela TV Globo e o site G1 do Rio de Janeiro.

Segundo a reportagem, esses núcleos familiares movimentam somas de dinheiro que acabaram chamando a atenção do órgão vinculado ao Ministério da Justiça. Por isso, também estão na mira do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), assim como Queiroz e o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

É o caso de uma assessora do deputado Coronel Jairo (MDB), preso na Operação Furna da Onça, que investiga esquema de compra de apoio parlamentar na Alerj, bem como negociações suspeitas de servidores da Casa. A ofensiva teve origem no documento do Coaf.

Conforme a reportagem, Maria das Graças Nascimento Melo tem renda mensal de quase R$ 15 mil e movimentou, segundo o órgão, mais de R$ 500 mil entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. A irmã e o filho dela, Maria Angélica Nascimento e Paulo Leandro Nascimento, também trabalham no gabinete do Coronel Jairo e, no mesmo período, teriam depositado quase R$ 11 mil para Maria das Graças. Também citada pelo Coaf, Maria Angélica ganha pouco mais de R$ 7 mil por mês e movimentou mais de R$ 500 mil entre 2016 e 2017, aponta o documento.

No gabinete do deputado Luiz Martins (PDT), outro preso na Furna da Onça, os laços familiares se repetem. Com salário de R$ 30 mil, o chefe de gabinete do deputado, José Eduardo Magalhães da Silva, movimentou quase R$ 1,5 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, segundo o Coaf. No período, ele recebeu pouco mais de R$ 2,5 mil de Flávia Miranda da Silva, Caroline Miranda da Silva e Bruno Miranda da Silva – dois assessores e um ex-assessor do mesmo gabinete. Segundo o Coaf, os três são filhos de José Eduardo.

Deputada do DEM tem muitos citados
Também há parentes no gabinete da deputada Márcia Jeovani (DEM): a assessora parlamentar Sonia Regina dos Santos ganha mais de R$ 10 de mil por mês e, em um ano, teria movimentado mais de R$ 840 mil. Os irmãos de Sônia também são servidores de Marcia Jeovani: Carlos Alberto dos Santos ganha pouco mais de R$ 1,1 mil e Viviane Lopes dos Santos, quase R$ 3 mil, e são citados no relatório.

O documento menciona outra ex-servidora do mesmo gabinete: Alessandra Gonçalves Assunção, responsável por movimentar mais de R$ 200 mil entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. A irmã dela, que continua com a deputada do DEM e recebe quase R$ 9 mil por mês, teria movimentado em um ano R$ 683 mil.

Ainda com a deputada Marcia Jeovani, informou os veículos do grupo Globo, Eliana Lopes do Carmo Lins chamou a atenção do Coaf. Ela ganha quase R$ 20 mil e teria movimentado entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017 mais de R$ 400 mil. Sua filha e colega de trabalho no mesmo gabinete, Ana Cristina Lopes Carmo Lins, ganha R$ 10 mil por mês e por suas contas bancárias circularam quase R$ 250 mil.

5,5 mil funcionários
À reportagem, a Alerj informou ter 1.274 servidores concursados e 4.226 comissionados, totalizando 5,5 mil funcionários. Cada um dos 70 deputados tem direito a até 60 assessores. A partir da próxima legislatura, esse número cairá para 40.

Na segunda-feira (21), o procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, reclamou da falta de transparência da assembleia quanto a seus servidores: a Casa não estaria dando informações claras sobre as atividades desenvolvidas e a lotação dos funcionários.

Outro lado
À reportagem, a deputada Marcia Jeovani disse que uma das pessoas apontadas como sua assessora no relatório do Coaf nunca fez parte de seu gabinete. Afirmou, ainda, que nunca teve funcionário fantasma. A deputada também se colocou à disposição do Ministério Público do estado para prestar os devidos esclarecimentos.

A equipe de reportagem procurou a defesa dos deputados Luiz Martins e Coronel Jairo, que estão presos, mas não obteve resposta.

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