Secretário de Crivella censura obra de arte por “vilipêndio à fé”
Obra se chama Virgem Maria Trans e mostra a santa com pênis e seio à mostra. Parlamentares pediram fechamento de exposição em espaço público
atualizado
Compartilhar notícia
O secretário municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Adolpho Konder, anunciou neste domingo (23/02/2020), nas redes sociais oficiais do órgão, a censura de uma obra que ele considerou representar um “vilipêndio da fé cristã”. Trata-se de um colagem que representa a Virgem Maria com um seio à mostra e um pênis. A tela traz ainda a inscrição: “Deus acima de tudo, gozando acima de todos”. A obra está em uma mostra no Centro de Cultura Hélio Oiticica, que é público.
Seu autor é o artista Órion Lalli, de 25 anos. Ela faz parte de uma série sobre o vírus HIV, área de militância do paulistano. Ao jornal O Globo, ele disse que o trabalho “Virgem Maria Trans” (imagem em destaque) não é um ataque à religião. “Quero apenas deixar uma reflexão imagética sobre ícones, falar dessas imagens que povoam e atravessam o nosso imaginário e que de certa forma moldam a nossa maneira de pensar”, justificou.
A obra está exposta desde a última semana e já vinha sendo criticada por deputados estaduais e vereadores do Rio, que faziam campanha para que a gestão do prefeito Marcelo Crivella censurasse o trabalho, o que aconteceu neste domingo. “Recebemos a informação de que uma das obras de arte no Centro Cultural Hélio Oiticica estava ofendendo a fé cristã. De imediato fomos ao local e constatamos vilipêndio”, disse ele, que culpou uma “gestão anterior” pela aprovação da mostra no espaço público.
“A Secretaria de Cultura abriga as mais diversas expressões culturais e artísticas, mas não podemos admitir nada que promova intolerância e ofensa ao sentimento religioso de qualquer credo”, disse Konder.
Veja abaixo a manifestação completa:
Na última quinta-feira (20/02/2020), agentes públicos da prefeitura já haviam vistoriado a exposição, mas não optaram pela censura, e sim pela mudança na classificação indicativa de 10 para 16 anos. Como a pressão dos parlamentares, tanto evangélicos quanto católicos, a decisão foi revista.