Secretária da Mulher do governo Temer é contra o aborto
Ex-deputada federal pelo Amapá, Fátima Pelaes já foi chamada de “feminista radical” e hoje é uma defensora da “família e da vida desde a concepção”
atualizado
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O nome de Fátima Pelaes (AP) para a Secretaria das Mulheres do governo do presidente em exercício Michel Temer não foi bem recebido por grupos feministas e movimentos que lutam contra a descriminalização do aborto. A pasta é subordinada ao Ministério da Justiça.
Presidente do PMDB Mulher, Fátima é uma defensora ferrenha da “família e da vida, desde a concepção”. Ex-deputada federal pelo Amapá, a socióloga tem na trajetória política dois momentos marcantes: a mudança ideológica depois de conhecer Jesus e um escândalo em que ela teria sido acusada de desviar dinheiro do Ministério do Turismo.
A reportagem do Huffpost Brasil traçou um perfil da futura secretária, trazendo à tona inclusive quando a peemedebista votou contra uma proposta do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que proibia uma empresa de pagar salários diferentes a homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo.
Segundo a matéria publicada pela repórter Grasielle Castro, a peemedebista deu um depoimento em 2013 à Casa Publicadora das Assembleias de Deus no qual contou como mudou sua concepção sobre as pautas que tramitam na Câmara.
“De 1991 a 2002, exerci três mandatos de deputada federal. Nesse período, como ainda não conhecia Jesus Cristo, defendi bandeiras de lutas contrárias aos valores bíblicos, como, por exemplo, a defesa do aborto, por entender, naquela época, que a mulher era “dona” de seu corpo, não conseguindo enxergar que ali há uma vida.
Defendi, veementemente, o Projeto de Lei 1135/91, que visava a descriminalizar o aborto no Brasil. Além disso, não via a família como um projeto de Deus e cada um deveria constituí-la como bem entendesse.Após o naufrágio e minha conversão, passaram-se quatro anos. Conquistei novo mandato de deputada federal. Coloquei o mandato à disposição de Deus. Firmei um compromisso de glorificar o nome do Senhor naquela Casa de Leis. Hoje, eu defendo o direito à vida, o direito de viver tem que ser dado para todos, assim como foi dado para mim, por mais de uma vez”, disse ao CPAD News.
A reportagem apresenta ainda a forma com a qual Fátima Pelaes conseguiu reverter uma discussão sobre o Estatuto do Nascituro ao contar sua própria história:
“Certa feita, na acalorada discussão do projeto de lei “Estatuto do Nascituro” (P.L 478/2007), que defendia a vida desde a concepção, havia uma estratégia bem montada pelos parlamentares defensores do aborto para não aprovar o projeto. A estratégia estava dando certo, até o momento em que fui tomada por um forte impulso do Espírito Santo. Em meio ao calor da discussão, solicitei à palavra. Naquele momento, já havia chorado bastante. Estava indignada pela forma como a matéria estava sendo tratada.
A concepção do ser humano estava sendo tratada numa perspectiva puramente humana, sem considerar que Deus é autor da vida. No embate, um deputado colocava o aborto como direito que a mulher tem sobre o seu próprio corpo. Foi aí que reagi e, contrariando minhas posições dos mandatos anteriores, surpreendentemente, senti força e coragem como nunca antes e falei com autoridade sobre o assunto, relatando minha vida pessoal. Ao concluir a explanação, observei que muitos estavam chorando. O cenário político havia mudado. Os deputados mudaram de posição. Não havia mais clima para aprovar aquele malsinado projeto de lei”
Assista ao vídeo: