“Se quiserem, me derrubem”, diz Temer ao afirmar que não está perdido
Declarações foram dadas em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, publicada na edição desta segunda-feira (22/5)
atualizado
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Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, na edição desta segunda-feira (22/5), o presidente Michel Temer (PMDB) declarou que seria “admissão de culpa” renunciar ao mandato. “Se quiserem, me derrubem”, afirmou. Atingido pelas delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo JBS, o peemedebista disse que vai mostrar força política ao longo dos próximos dias em votações importantes no Congresso Nacional: “Tenho absoluta convicção de que consigo. É que criou-se um clima que vai ser um desastre, de que o Temer está perdido. Eu não estou perdido”.
O presidente destacou que não sabia que Joesley Batista era investigado. O áudio, gravado pelo empresário durante conversa com Temer no Palácio do Jaburu, em março deste ano, motivou a abertura de um inquérito para investigá-lo por suspeita de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.
Questionado, o presidente afirmou que a regra que ele mesmo estabeleceu, de afastar ministro que virar réu, não vale para ele. “Sou chefe do Executivo. Os ministros são agentes do Executivo, de modo que a linha de corte que eu estabeleci para os ministros não será a linha de corte para o presidente”.Temer afirmou que está claro que a gravação de Joesley foi uma tentativa de induzir uma conversa e repetiu que o empresário é um falastrão. “Ele falou que tinha [comprado] dois juízes e um procurador. Conheço o Joesley de antes desse episódio. Sei que ele é um falastrão”.
“Insistem sempre no ponto que avalizei um pagamento para o ex-deputado Eduardo Cunha, quando não querem tomar como resposta o que dei a uma frase dele em que ele dizia: ‘olhe, tenho mantido boa relação com o Cunha’. Eu disse ‘mantenha isso’.”
O peemedebista, entretanto, não foi tão enfático ao ser perguntado sobre áudios de executivos da JBS dizendo que ele pediu caixa 2 em 2010, 2012 e 2016, desviando o assunto.
Base de apoio
A entrevista ainda abordou a debandada da base de apoio do governo após a divulgação da delação da JBS. “O PSB eu não perdi agora, foi antes, em razão da Previdência. No PPS, o Roberto Freire veio me explicar que tinha dificuldades. Eu agradeci, mas o Raul Jungmann, que é do PPS, está conosco”. Ele entende que o PSDB vai manter a fidelidade ao governo. “Até 31/12 de 2018”, previu.
Temer acredita que a crise não afetará o plano do governo em aprovar reformas. “Todos os partidos vêm dizer que estão comigo. É natural que, entre os deputados… Com aquele bombardeio, né? Há uma emissora de televisão que fica o dia inteiro bombardeando”.
O presidente reiterou ter recebido com surpresa a decisão de Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de levar um pedido de impeachment ao Congresso. “Tem uma certa surpresa minha, porque eles que me deram espada de ouro, aqueles títulos fundamentais da ordem, agora se comportam dessa maneira. Mas reconheço que é legítimo.”.
Sobre a influência da delação da JBS sobre o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o chefe do Executivo nacional acha que não será cassado. “Os ministros se pautam não pelo que acontece na política, mas pelo que passa na vida jurídica”. Caso o TSE decida cassar a chapa, ele usará meios legais para se defender. “Agora, evidentemente que, se um dia, houver uma decisão transitada em julgado eu sou o primeiro a obedecer”.