Sangue, fezes e urina no Planalto poderão identificar vândalos
Em ato terrorista, bolsonaristas depredaram sedes dos Três Poderes e destruíram acervos artístico e arquitetônico
atualizado
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Restos de sangue, fezes e urina no Palácio do Planalto vão permitir a identificação dos terroristas que depredaram as sedes dos Três Poderes, no domingo (8/1). Os extremistas quebraram móveis e obras de arte do edifício-sede do Poder Executivo e atiraram mobiliário pela janela do segundo andar.
Na manhã desta segunda-feira (9/1), a sede do Poder Executivo Federal passa por limpeza e reparos iniciais. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também está no local realizando um levantamento.
Segundo Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), será possível identificar vândalos através de sangue, fezes e urina deixados no Planalto pelos invasores.
“Tem uma perícia porque tem muito sangue, tem fezes, tem urina. Então, é possível fazer a identificação dos criminosos pela coleta desse material orgânico”, disse Paulo Pimenta no começo da manhã desta segunda. Pimenta acompanha os trabalhos de perícia, reparo e limpeza do edifício-sede do Poder Executivo.
Veja:
Ainda no domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, será o interventor. Ele ficará no cargo até o próximo dia 31.
Nesta manhã, Lula se reúne com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente em exercício do Senado Federal, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).
Em seguida, Lula se reúne com o ministro da Defesa, José Mucio, e os comandantes das Forças Armadas. No fim do dia, às 18h, o presidente recebe os 27 governadores de estados e do DF para uma reunião de emergência.
Acervo artístico e arquitetônico destruído
Segundo a Presidência da República, parte importante do acervo artístico e arquitetônico foi destruída e vandalizada. Ainda não é possível ter um levantamento minucioso de todas as pinturas, esculturas e peças de mobiliário destruídas, mas a avaliação preliminar feita pela equipe responsável aponta os seguintes estragos em peças icônicas do acervo:
No andar térreo:
- Obra “Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo, de 1995 — a pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio e serviu de cenário para pronunciamentos dos presidentes da República, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o andar, após vândalos abrirem os hidrantes ali instalados.
- Galeria dos ex-presidentes — totalmente destruída, com todas as fotografias retiradas da parede, jogadas ao chão e quebradas.
No 2º andar:
- O corredor que dá acesso às salas dos ministérios que funcionam no Planalto foi brutalmente vandalizado. Há muitos quadros rasurados ou quebrados, especialmente fotografias. O estado de diversas obras não pôde ainda ser avaliado, pois é necessário aguardar a perícia e a limpeza dos espaços para só daí ter acesso às obras.
No 3º andar:
- Obra “As mulatas”, de Di Cavalcanti — a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto foi encontrada com sete rasgos, de diferentes tamanho. A obra é uma das mais importantes da produção de Di Cavalcanti. Seu valor está estimado em R$ 8 milhões, mas peças desta magnitude costumam alcançar valores até 5 vezes maior em leilões.
- Obra “O Flautista”, de Bruno Jorge — a escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão. Está avaliado em R$ 250 mil.
Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg — quebrada em diversos pontos. A obra se utiliza de galhos de madeira, que foram quebrados e jogados longe. A peça está estimada em R$ 300 mil. - Mesa de trabalho de Juscelino Kubitscheck — exposta no salão, a mesa foi usada como barricada pelos terroristas. Avaliação do estado geral ainda será feita.
- Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues — o móvel abriga as informações do presidente em exercício. Teve o vidro quebrado.
- Relógio de Balthazar Martinot — o relógio de pêndulo do Século XVII foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI. Martinot era o relojoeiro de Luís XIV. Existem apenas dos relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versailles, mas possui a metade do tamanho da peça que foi completamente destruída pelos invasores do Planalto. O valor desta peça é considerado fora de padrão.